Post by dingoegret on Dec 15, 2014 20:59:40 GMT -3
Desde muitos anos olhava Final Fantasy VI com olhos de quem deveria seguir as indicações de dezenas de recomendações. Eu era um fã da série Final Fantasy, havia jogado todos os modernos e relativamente bastante de pelo menos 2 dos antigos (Snes), porém logo Final Fantasy VI ficava intocado em minha gaveta, sem eu dar uma chance digna a este jogo. Porém, em 2012, Celes e eu havíamos combinado que, assim que nós concluíssemos Final Fantasy VII (o primeiro de nossa série de jogatina juntos e meu Final Fantasy preferido) iríamos partir para Final Fantasy VI (o preferido dela). Tivemos que adiar um ano de nossa jogatina, graças a nossa viagem juntos, porém em 2014 iniciamos nossa aventura com Terra e companhia.
Pois bem, em janeiro iniciamos o jogo, decididos a jogar juntos e apenas juntos, e assim foi. 66 horas de jogo divididos em 11 meses e muitas conversas sobre os personagens, história, treinos, musicas e tudo que notássemos. Ela, a minha guia, e eu o novato querendo conhecer mais dessa nova antiga pérola que finalmente iria conhecer. Devo assumir que foi vergonhosa minha vida de gamer sem ter jogado até hoje esse grandiosíssimo jogo, porém felizmente pude ter a melhor experiência que qualquer pessoa poderia ter com este jogo: pode apreciá-lo ao lado da pessoa amada, ambos vidrados e felizes. Coloquei esta pequena introdução para dizer a todos quais foram às condições de minha jogatina, e como pude perceber sobre este clássico dos clássicos.
Primeiramente, minhas impressões sobre o jogo:
Final Fantasy VI não é o melhor jogo da série, em minha opinião, porém é um dos mais bem polidos e bem cuidados entre todos. A quantidade de detalhes é impressionante, desde mãos cruzadas quando usamos Genji Glove, até cenários, musicas e ações dos personagens em todos os momentos do jogo. Ele é, com certeza, um dos jogos mais bem cuidados que joguei em minha vida, e a cada detalhe que encontrei nele me impressionou como os produtores foram cuidadosos e afetivos com este jogo. Não duvidaria nada se vários de seus produtores dissessem que este é o jogo preferido deles, de tão bem produzido que ele é.
Parte técnica
Os gráficos são lindos para a época, com efeitos de profundidade impressionantes até hoje. Assustador para os gamers atuais? Nem tanto, seus gráficos envelheceram muito bem, mesmo jogado no PS3, numa TV LCD 42 polegadas.
A direção de arte é da mais alta qualidade, como padrão para a série. Roupas, cidades... Tudo é muito bonito e bem produzido.
A música também é um caso a parte. Um das mais belas trilhas sonoras da história dos games, exceto por algumas musicas, fazem deste um dos jogos mais deliciosos de se jogar com o som bem alto. Cada personagem possui seu próprio tema em mais de uma versão, o que ajuda ainda mais na identidade dos personagens. Um desbunde musical no melhor da geração 16 bits.
Tecnicamente Final Fantasy VI é uma das melhores produções que já joguei. O que a Squaresoft fez em 1994 foi extrair tudo que o Snes podia para produzir um RPG moderno e tocante, com cenários e musicas fortes e competentes, que fazem desta uma das produções mais bem trabalhadas que já tive o prazer de jogar.
História e Personagens
Se tecnicamente Final Fantasy VI beira a perfeição, os produtores pecaram um pouco quando entrou para a parte da história e dos personagens. Não, não é um problema do jogo, longe disso, porém se tomaram todos os cuidados com os detalhes quando me refiro a gráficos e musicas, neste outro ponto sentir falta de um pouco mais.
A história do jogo é competente e bonita, a transação de World of Balance para World of Ruin é fantástica, o ponto mais alto do jogo, com toda certeza. Apesar de simples, a história é bem contada e motivou-me a continuar seguidamente. Cada personagem tem sua história trabalhada e cada região é importante em uma parte do jogo. NPCs falam coisas interessantes e há sempre momentos de humor, para dar aquela relaxada no jogador. Porém, como nem tudo é flores, a história do jogo deixa muitas questões vagas, sem respostas concretas ou uma melhor noção do que está acontecendo. Sabemos o que foi a War of the Magi, porém poucos detalhes são trabalhados. Temos pouca noção sobre o mundo, exceto aquilo que o jogo nos obriga a saber, sobre o império e tal. Com tantas possibilidades, senti falta de um maior aprofundamento sobre questões básicas do jogo, que ajudariam ainda mais a adentrarmos no mundo de FFVI.
O mesmo acontece com os personagens. São fantásticos, muito bem construídos, com identidades próprias bem definidas e divertidos. Locke, Celes, Edgar, Shadow e Relm em especial me conquistaram. A Terra também é bastante interessante, apesar de um pouco omissa em alguns momentos, acaba sendo ofuscada pelos personagens citados, e em especial por Locke e Celes, as personagens mais fantásticas que tive o prazer de jogar. Personagens são um ponto forte deste jogo, que apesar de não trabalhar muito eles, acaba sobressaindo ainda suas identidades bem construídas e definidas. Ao contrário de Final Fantasys posteriores, acredito que a Square havia encontrados nesses dois os melhores personagens já criados pela empresa. Porém, novamente a Square pecou pela omissão. O contato dos personagens entre si são limitados ao início do jogo, o que chegou a me incomodar bastante. Com personalidades tão interessantes, a redução de falas e quests é bastante frustrante. Talvez se retirassem personagens inúteis como Gogo, Mog, Umaro dentre outros o jogo pudesse abrir mais espaço para quests alternativas que trabalhassem a relação dos próprios personagens, inclusive com a Terra. Porém, infelizmente, preferiram criar personagens pouco interessantes e reduzir o contato dos bons que já possuíam. Porque o Locke tem que demorar tanto para aparecer na equipe depois no World of Ruin? Porque a Terra se torna uma personagem passiva e pouco interessante? Bem, nunca saberei, mas fico triste de não poder ter tido mais contato com eles.
Kefka é o exemplo maior do que estou dizendo. De um dos vilões mais interessantes que poderia ser, ele acaba se tornando, no final, quase uma aberração sem explicação. Gosto dessa identidade meio "Coringa" que colocaram nele, porém a inexistência de explicações de seu passado, de sua personalidade ou de qualquer outras referências sobre ele acaba fazendo deste não um vilão que realmente odiamos, mas sim alguém que tem uma personalidade quase infantil. No começo do jogo achava que iam explicar sobre o Kefka na metade do jogo. Na metade do jogo achei que iam explicar sobre o Kefka no final do jogo. E depois de concluir fiquei pensando: "tá, e daí?". Um inimigo interessante, porém pela má construção, muito aquém do que ele poderia transmitir para o jogador. Porém, continua sendo um grande vilão.
Jogabilidade
Sistema clássico de Final Fantasy, nada a declarar sobre exceto que sempre gostei desse sistema por turnos basicão. Praticamente adorei a jogabilidade do jogo, bem fluída e gostosa de jogar, com batalhas rápidas e muitas opções de magias e habilidades. Minhas únicas ressalvas são a falta de utilidade de algumas habilidade de personagens (Mog, por exemplo) e a chatisse de ter que ficar mudando regularmente de esper para colocar pontos extras de Magic Power, Speed, Vigor... O sistema de aprender magias do jogo é bem interessante, porém acarreta em um final de jogo um pouco chato se você for apelão. Coloque Ultima e Life 3 em todos os personagens e você será imbatível. Um pouco frustrante, já que com tantas classes diferentes, o jogo peca na falta de incentivo de usar habilidades diversas (exceto Blitz). A dificuldade do jogo é um pouco baixa, porém não tenho problemas com dificuldades de jogos. No fim, é um jogo bastante divertido e dinâmico de se jogar.
Impressões Pessoais
Final Fantasy VI é um dos melhores RPGs que já joguei. Me emocionei com a Celes, com o Locke e com o Shadow. Me deliciei com o humor de Edgar e com as conversas dele com Locke lá no começo do jogo. Torci para a Terra e fiquei triste com as atrocidades que o Kefka cometeu. É um jogo com identidade e qualidade, que me tocou bastante. Defeitos a parte, a produção deste é um exemplo para essa nova geração que lança jogos sem cuidados. Uma produção com carinho como essa merece ser jogada por todos os gamers que gostem de um bom RPG, independente da idade e de ser retrogamer ou não. Coloque ele no Vita, jogue no emulador, baixe para o PS3, jogue no Snes... faça como quiser, apenas não perca a chance de jogar essa pérola da época de ouro da Squaresoft. E recomendação do tio Dingo: faça isso de mãos dadas com sua amada e terás com certeza momentos deliciosos de todas as maneiras.
Nota:
+ Gráficos e Trilha Sonora impecáveis
+ Produção cuidadosa e perfeccionista
+ Personagens fortes e carismáticos
+ História competente e bem produzida
+ Jogabilidade simples e gostosa
+ Locke, Celes, Shadow e Edgar
- Ausência de maiores explicações sobre questões básicas
- Ausência de mais contato entre personagens significativos da história
- Desbalanceamento de habilidades de personagens
Nota Final: 9.3