Post by Deleted on Mar 11, 2014 17:19:27 GMT -3
Nome: The Witch and the Hundred Knight
Gênero: Action RPG
Produtora: Nippon Ichi Software
Plataforma(s): Playstation 3
Versão analisada: Japonesa
A bruxa e o cavaleiro-cem
The Witch and the Hundred Knight (será abreviado em “TWatHK” nesta análise) é um RPG de ação para Playstation 3, produzido pela Nippon Ichi Software (NIS), mesma produtora da franquia Disgaea.
Que bruxaria é essa?
TWatHK é um dos resultados da nova postura da NIS, com o visual de seus jogos adaptados para a atual geração. Foi feito um competente trabalho aqui, com cores vivas, boas texturas, excelente iluminação e gameplay bem consistente, sem quedas de quadros por segundo (ou pelo menos, não perceptíveis a ponto de incomodar). O trabalho artístico também é outro ponto forte, típico da produtora.
A trilha sonora conta com as usuais composições da NIS, repletas de vozes e melodias alegres, mas dessa vez com um “quê” a mais de músicas orquestradas que lembram fábulas encantadas, contribuindo ainda mais com o clima passado.
Os pontos negativos ficam por conta dos longos loadings, de alguns bugs que podem, vez ou outra, travar o jogo e obrigar o jogador a resetar a partida, assim como a modelagem e a resolução dos personagens humanos, que não estão no mesmo capricho de todo o resto. Outro problema visível é a intensa reciclagem do bestiário, com versões de cores ou alguns detalhes diferentes do mesmo inimigo.
Você curte Metallica?
TWatHK conta a história de Metallica, a bruxa do pântano, e seu plano maléfico de espalhar pântanos venenosos pelo mundo todo. Para isso, ela evoca o lendário Hundred Knight para ajudá-la.
O jogo possui, de início, uma história bem excêntrica, onde não dá pra saber quem realmente é “vilão” ou “herói” por conta da personalidade fortíssima de Metallica. Atitudes cruéis e chuvas de palavrões (com direito a “pííí” de censura) a cada diálogo fazem dela uma personagem instantaneamente adorável e diferente do que pode ser visto em jogos do gênero. O resto do elenco só ajuda a deixar o universo do jogo ainda mais único, desde o Hundred Knight, que esbanja carisma fazendo apenas caretas, a um mordomo robô que vive humilhando verbalmente sua senhora. O excelente trabalho de dublagem é outro fator que deixa o clima ainda mais divertido.
Infelizmente, o título não consegue manter esse ritmo o tempo todo. Aos poucos, situações dramáticas e altamente clichês vão tomando conta do clima sádico e satírico do início, e termina de ser estragado com a reta final um tanto corrida. No fim das contas, TWatHK passa para o jogador a sensação de ter começado um jogo e terminado outro completamente diferente.
“Tá vendo aquele inimigo ali? Tô comendo.”
TWatHK é, basicamente, um RPG de ação, onde o jogador controla o Hundred Knight por enormes campos, batalhando, procurando por itens, resolvendo um ou outro puzzle, interagindo com NPCs e enfrentando chefões.
O jogo é dividido em mapas através de um hub world similar aos jogos do Mario 2D (exemplo: Super Mario World), onde cada “fase” é um mapa a ser explorado. Os jogadores que gostam de bastante conteúdo e exploração podem ficar felizes, pois TWatHK possui dezenas de áreas colossais com dezenas de itens e inimigos espalhados por eles, fazendo com que uma investigação detalhada de cada uma delas seja demorada, porém, bastante recompensadora.
A exploração do jogo tem também uma pitada de Roguelike, pois há um certo limite para carregar itens coletados e a experiência ganha não é adquirida na hora; o jogador só terá acesso a eles depois de concluir com sucesso a área explorada (isso significa também que, se morrer ou fugir do mapa, perde tudo). Além disso, há uma constante contagem regressiva chamada Gigacaloria, que vai diminuindo com toda e qualquer ação de Hundred Knight, principalmente ao explorar áreas desconhecidas e perder HP para inimigos. Como qualquer ser vivo que morre por não obter as calorias necessárias para seu corpo, é preciso recuperá-la em torres de teletransporte, os raros itens de cura ou mesmo devorando inimigos. Tudo isso contribui para que a aventura seja feita com mais cautela e estratégia, e as recompensas, mais gratificantes.
Como de costume dos jogos do gênero, TWatHK também possui seu próprio sistema de “gadgets”. Chamados de Torchkas, os pequenos minions de Hundred Knight ajudarão o pequeno herói(?) a destruir rochas, atravessar buracos, acionar interruptores inalcançáveis e até mesmo a enfrentar inimigos e chefões. O diferencial dos Torchkas é que a maioria deles são completamente opcionais e voltados para combates, ampliando assim o leque de formas de luta do jogador que gosta de usar um pouco mais a cabeça.
A ação é o ponto forte do jogo, com um sistema bem completo, mas fácil de dominar. Hundred Knight conta com corrida, esquiva, golpes aéreos, um modo especial que o deixa mais poderoso em troca de Gigacalorias, e até mesmo um “witch time”, onde uma esquiva feita no momento certo faz com que o tempo ande devagar por alguns segundos. Outro sistema que deixam as batalhas ainda mais divertidas é o sistema de “facetas”, conhecido em outros jogos como “jobs”. Cada faceta possui não apenas stats diferentes, como também skills passivas que serão úteis para situações ou mapas diferentes.
Para o combate, Hundred Knight conta com um arsenal bem variado de armas brancas, indo desde katanas a martelos gigantescos, e deve organizá-las em uma ordem específica para formar um combo. O mais interessante disso é que cada arma possui uma numeração, uma animação, um tempo de golpe e uma característica diferente, como soltar projéteis, esmagar ou cortar. Isso, além de obviamente influenciar no dano causado, permite que o jogador faça inúmeras combinações para todo tipo de situação. O pequeno grande problema desse sistema é a completa ausência de se criar mais de um combo para alternar entre eles a qualquer momento, necessitando sempre trocar arma por arma para cada inimigo diferente. Como não é raro aparecer inimigos com fraquezas e resistências opostas em um mesmo espaço, isso acaba se tornando frustrante para quem gosta (ou precisa) limpar as áreas.
A dificuldade do jogo é uma inconstante. Há inimigos que estão lá para apanhar, outros que matam Hundred Knight em dois golpes; há chefões que parecem inimigos comuns, outros que beiram o impossível. De um modo geral, pode-se dizer que TWatHK é bastante desafiador, e, por incrível que pareça, é difícil por “mérito” próprio, e não por bugs ou deficiência de gameplay, as chamadas “dificuldades artificiais”.
Por fim, TWatHK possui também um sistema de karma e escolhas. O sistema de Karma funciona basicamente agredindo NPCs amigáveis e invadindo casas. Essas ações podem trazer alguns benefícios, como itens raros e descontos em lojas, mas a longo prazo as consequências vão aparecendo, como inimigos que fogem ou mesmo cometem suicídio ao ver Hundred Knight por perto, ou mesmo chegar em uma vila e ser recebido a pedras e socos. Tudo isso faz com que o jogador precise dosar bem o que pode ser útil ou não no momento. O mais interessante do sistema, é que os sentimentos de cada inimigo ou NPC podem ser observados em tempo real, incluindo os momentos em que o humor deles mudam. Já o sistema de escolha é praticamente um enfeite, pois a maioria esmagadora das vezes em que Hundred Knight precisa dar uma resposta, tudo que muda é uma ou duas linhas de diálogo. Uma pena, pois esse sistema, se bem aproveitado como o de Karma, traria um bom fator replay.
Em busca dos 100%s
TWatHK dura pelo menos 65 horas para fazer tudo que é possível e assistir todos os finais alternativos. Assim como nos jogos da série Disgaea, o jogador pode também aumentar o nível dos inimigos para obter melhores itens e mais experiência, assim como destravar um mapa extra com inimigos insanamente fortes.
Aye!
The Witch and the Hundred Knight foi uma nova tentativa da Nippon Ichi Software em expandir seu público, e pode-se dizer que foi bem sucedida, pelo menos no que foi oferecido para isso. Gameplay sólido, bom conteúdo, visuais e trilha sonora decentes e o humor típico da produtora; Recomendado para os fãs do gênero.
Nota: 8,5 (Exótico)
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