Post by Deleted on Mar 10, 2014 18:07:34 GMT -3
Bem-vindos à série Eiyuu Densetsu!
Após o surgimento do fenômeno Dragon Quest em 86, muitas softhouses começaram a copiar a receita do bolo, dando início a era dos JRPGs. Podemos dizer que, sem o trabalho da Enix, não existiriam Final Fantasy ou Tales of. E provavelmente a versão em turnos de Dragon Slayer, a aposta da Nihon Falcom, de Ys, para o gênero em 89.
Dragon Slayer: The Legend of Heroes
Dragon Slayer: The Legend of Heroes foi lançado para os principais computadores de jogos e consoles da época, e não se tratava simplesmente de um clone de Dragon Quest. O jogo possuía gráficos bem coloridos, imagens ilustrando um enredo mais sério e sombrio e, pasmém, a presença de cutscenes dubladas em algumas versões! Três anos depois nasce Dragon Slayer: The Legend of Heroes 2, dando continuidade aos eventos do jogo anterior.
Para não descaracterizar a série Dragon Slayer, que é originalmente um action-RPG, a Falcom fez do Sub-título “Legend of Heroes”(“Eiyuu Densetsu” em japonês) uma série independente. O primeiro fruto dessa independência viria a se chamar “The Legend of Heroes III: Prophecy of the Moonlight Witch”, o primeiro título da trilogia “Gagharv”, para NEC-PC, em 94.
The Legend of Heroes IV: A Tear of Vermillion
Ao contrário de Dragon Slayer, a trilogia, composta por “The Legend of Heroes III: Prophecy of the Moonlight Witch” (1994),“The Legend of Heroes IV: A Tear of Vermillion” (1996) e “The Legend of Heroes V: A Song of the Ocean” (1999), era uma série morna. Iniciada em 94, a série não conseguia ser mais do que “mais um” no mar de JRPGs presentes no mercado, e se mostrava bastante datada, em gráficos e mecânicas, diante de gigantes como Final Fantasy e Dragon Quest, e ainda mais com a chegada de Tales of e Chrono Trigger em 95. Se é necessário citar algum aspecto positivo, pode-se dizer que seja a ótima trilha sonora, área que a empresa japonesa sempre dominou com maestria, diga-se de passagem. Ainda assim, a trilogia recebeu inúmeros ports e remakes, tendo como algumas plataformas o Playstation e o Sega Saturn.
Os jogadores constantemente ficam confusos quanto à ordem da trilogia, devido a ordem de lançamento ocidental do port para Playstation Portable. No ocidente, “A Tear of Vermillion” foi lançado como o primeiro jogo da trilogia, seguido por “Prophecy of the Moonlight Witch” e depois ”A Song of the Ocean”. Apesar de não seguir a ordem japonesa, isso felizmente não afeta no entendimento do universo, já que cada jogo é situado em uma era diferente.
Em 2004, cinco anos após “A Song of the Ocean”, os fãs finalmente estariam diante do sexto episódio da série: “The Legend of Heroes VI: Trails in the Sky FC”, para PC. O projeto, por ser muito grande, foi dividido em duas partes, sendo a primeira chamada de “First Chapter” (FC).
The Legend of Heroes VI: Trails in the Sky
O jogo apresenta gráficos totalmente poligonais, personagens com sprites em alta definição com grande número de quadros e câmera livre, além de progressão mais dinâmica e linear, regada a extras, muitos extras.
Muitos podem pensar que o fato do jogo ser linear pode ser um aspecto negativo para um JRPG. Bem, isso não é verdade. Trails in the Sky possui um pacing bem planejado e balanceado, não atropelando o enredo ao mesmo tempo que dá espaço o suficiente para atividades variadas, exploração e extras. O jogador pode, nos inúmeros meio-tempos da main quest, explorar campos, realizar trabalhos e se aventurar em torres opcionais, completar o bestiário indo atrás dos raros Shining Poms e degustar os mais diversos pratos e aprender suas receitas, que podem ser úteis na aventura. O mais interessante é que, dependendo de como o jogador realiza alguma coisa no jogo, seja uma escolha certa em uma pergunta ou uma decisão certa em um momento importante, traz diversos resultados posteriormente, geralmente itens e dinheiro extras como recompensa. O jogo também é repleto de conteúdo escondido, que variam desde trabalhos que não aparecem nos quadros da guilda até NPCs que aparecem temporariamente em alguns locais. Outros elementos que enriquecem o universo Trails é a presença de um jornal, que pode ser comprado na maioria dos shops presentes no jogo, e uma série em Novel.
O sistema de batalhas é um misto de batalhas por turno tradicional com tactics “tabuleiro”. O jogador pode usar magias, skills e se mover por um campo retangular através de quadrados. Um diferencial interessante fica por conta dos S-Crafts (as skills do jogo), que podem ser acionadas através de um atalho e ignorar a ordem de ação da batalha, bastante útil para aproveitar algum bônus aleatório de turno como “10%+ de força” ou “critical hit” e/ou agir antes de algum inimigo perigoso.
A série roda em torno das orbments, equipamentos que deixam os personagens aptos a usarem magias. O sistema é bastante similar ao de matérias de Final Fantasy VII – o jogador vai equipar nas orbments, quartz, as “materias” do jogo, que variam desde aumento de status como HP e defesa a outros quartz que concedem skills passivas especiais. Esses mesmos quartz concedem magias aos usuários, dependendo da cor, do número e do poder delas. O jogador precisa então pensar bem antes de equipar certas quartz, já que algumas podem ser úteis de stats mas fornecem magias inúteis para o momento e vice-versa.
Algumas quartz do jogo que aumentam defesa, HP, ataque, etc.
O enredo de Trails é de início bastante simples, focando as aventuras de um casal de protagonistas, Estelle e Joshua. Ao avançar na história, os personagens vão ganhando um desenvolvimento excepcional, e o enredo, apesar de ter uma atmosfera leve na maior parte do tempo, se mostra algumas vezes sombrio e denso. Como sugere o nome, First Chapter não conclui a saga e termina com revelações e reviravoltas no mínimo impressionantes, fazendo o jogador que acompanhou todas as 60 horas mínimas de conteúdo fique louco pela continuação.
Trails in the Sky SC
Em 2006, dois anos depois do primeiro capítulo, a Falcom finalmente lança a conclusão para a aventura de Estelle e Joshua. Intitulado SC (Second Chapter), o novo Trails não traz apenas uma simples continuação – o jogo se mostra maior e melhor que seu antecessor, em todos os aspectos. No ocidente, o título será lançado ainda em 2014 para PC (Steam) e PSP.
As diversas atividades na main quest também aumentaram em SC. De tempos em tempos o jogador sempre vai encarar uma situação diferente, como logo no início do jogo, onde Estelle perde todo seu equipamento, tendo que se aventurar em uma floresta infestada de monstros para recuperá-lo, por exemplo. O conteúdo extra também não fica atrás, com um leque ainda mais amplo de coisas que podem ser feitas. O jogador pode arriscar a sorte em um cassino, realizar os trabalhos opcionais de sempre ou procurar um bom lugar para pescar, citando apenas alguns exemplos.
Um ponto interessante de SC é que tudo tem uma explicação – até a razão do jogo resetar seu orbment e equipamentos anteriores. Mas nem tudo está “perdido”, pois há também adições, como um sistema de crafts combinados entre membros do grupo e um sistema de orbment mais amplo e poderoso, tudo para que o jogador possa aguentar o acréscimo considerável na dificuldade geral do jogo.
O enredo em SC também não fica para trás, sendo muito mais sério, complexo e com uma narrativa muito mais dramática. O jogo introduz massivamente novos personagens e personagens jogáveis, sem esquecer de trabalhar, de forma impecável, em seus respectivos backgrounds, desenvolvimentos/amadurecimentos e relacionamentos. O desfecho dessa longa aventura é tão épico que é considerado por muitos um dos melhores já criados para o gênero, sendo a razão da série ter conquistado tantos fãs.
Para completar, a trilha sonora é muito melhor trabalhada no segundo capítulo, sendo difícil escolher uma música predileta.
Todo esse magnífico trabalho não poderia resultar em nada menos que sucesso. Após a excelente recepção dos dois jogos, aFalcom então resolve lançar Trails in the Sky: The 3rd, um ano depois do segundo capítulo. O jogo pode ser considerado mais como um “fandisc”, ou seja, um misto de spin-off com continuação, tendo como maior prova o “The 3rd” no nome, ao invés de“Third Chapter”. A partir desse jogo, a série toda se encontra apenas no Japão e continente asiático, tendo em vista que a localização do jogo anterior ainda está sendo feita.
Trails in the Sky The 3rd
The 3rd ainda consegue manter a qualidade da marca “Trails”, com o mesmo sistema de batalhas, gameplay variado e um bom número de extras, além de um sistema diferente de progressão: portais que levam a diferentes situações e pontos da história. Por outro lado, nele também fica evidente que a série começou a ficar desgastada, principalmente pela repetição de localidades e desenvolvimento mínimo da maioria dos personagens presentes, tendo foco praticamente apenas nos novos protagonistas: Kevin e Ries.
Sistema de batalhas da série
Apesar de todos os contras, quem se interessar por The 3rd vai encontrar um jogo sólido, com uma história bem contada através de uma narrativa diferente, e um dos trabalhos sonoros mais impressionantes da Falcom.
Assim como a maioria de seus últimos títulos, a Falcom portou a trilogia Trails para o portátil da Sony, o PSP, com um interessante sistema de “herdar” certos feitos de um jogo para o próximo, garantindo itens exclusivos e personagens mais evoluídos logo de início. A trilogia no portátil fez um enorme sucesso e vendeu além das expectativas da empresa japonesa. Animados com o pequeno notável da Sony e com a franquia em si, a produtora de Ys resolve lançar, exclusivamente paraPlaystation Portable, um Trails novo.
Surge então, em 2010, “Zero no kiseki” (Trails of Zero)
Zero no Kiseki
Em 2010, três anos depois de The Legend of Heroes: Trails in the Sky The 3rd, é lançado o próximo capitulo da série: The Legend of Heroes: Zero no Kiseki (em tradução literal e indo pelo mesmo estilo da trilogia anterior, Trails of Zero).
Inicialmente para PSP, posteriormente remasterizado para PCs chineses em 2013 e Playstation Vita, como Zero no Kiseki Evolution em 2012, o título é continuação direta de Trails in the Sky, mas situado em outro local. O jogo traz inúmeras referências e até mesmo participação de personagens da trilogia “Sky” por conta disso. A partir deste jogo, a Falcom deixa de numerar a série, colocando apenas subtítulos para identificá-los.
Sistema de batalhas
O jogo mantém o gameplay base da série, mas traz inúmeras mudanças e evoluções, como um sistema de combate mais dinâmico e completo, dificuldade melhor balanceada e progressão menos linear e limitada, mas o principal destaque vai para o enredo: Zero no Kiseki apresenta os protagonistas Lloyd, Ellie, Tio e Randy, policiais de uma cidade chamada Crossbell, com uma narrativa complexa e envolvente, elenco bem trabalhado e trama política-policial com muitas reviravoltas, levando jogador pra dentro de seu universo e mantendo o alto nível até o último momento de jogo. Diferente de Trails in the Sky FC, o jogo conclui a história satisfatoriamente, mas aberto para continuação, não terminando o jogo praticamente no clímax.
Apresentação da Arc'en'Ciel, grupo teatral de Crossbell
Vale lembrar aqui o quanto a série valoriza seu próprio universo e como Zero no Kiseki toma ainda mais cuidado nesse quesito. Se na trilogia anterior cada NPC tinha sua história para contar, em Crossbell eles são muito mais do que personagens interessantes, são integrantes importantes de uma cidade verdadeiramente viva, já que cada um tem seu dia-a-dia, seus problemas e seu caráter, que vão evoluindo e se resolvendo conforme o enredo anda. A partir desse jogo, esse aspecto orgânico dos NPCs se torna padrão para o background da série.
Em termos técnicos, o jogo se mostra um pouco melhor que a trilogia anterior em gráficos, mas muito melhor artisticamente graças ao ótimo trabalho combinado de cenários e câmera, deixando a jogatina ainda mais envolvente. Outro ponto que ajuda bastante a dar todo o clima necessário aos momentos é a trilha sonora, um grandioso trabalho de mais de 70 faixas bem variadas, se mostrando até então, o melhor trabalho da Falcom.
O trabalho da empresa japonesa não foi apenas bem recebido pela crítica, como também foi bastante premiado em terras japonesas, inclusive por um dos mais importantes eventos do arquipélago: o Japan Game Awards.
Ao no Kiseki
Em 2011, chega a conclusão da saga “Crossbell” iniciada em Zero no Kiseki, chamada The Legend of Heroes: Ao no Kiseki (trad: Trails of Azure). Assim como seu antecessor, o título foi também premiado, e ainda antes de ser lançado, também pela Japan Game Awards, como o título mais aguardado do ano. Assim como em Zero no Kiseki, é um jogo de PSP, posteriormente remasterizado para PCs chineses em 2013 e para Playstation Vita, como Ao no Kiseki Evolution, em 2014.
Assim como foi Trails in the Sky SC para FC, Ao no Kiseki é uma continuação e evolução em todos os sentidos em relação a Zero. A começar pelo enredo, trazendo muitos personagens da trilogia anterior, do jogo anterior e introduzindo ainda mais alguns novos, fazendo com que o elenco seja enorme, mas nem por isso pouco trabalhado – muito pelo contrário. A trama se aprofunda ainda mais ao tema político, com muitos jogos intelectuais e uma maratona alucinante de reviravoltas imprevisíveis, acorrentando mais uma vez o jogador – e dessa vez mais apertado, ao universo do título.
Sistema de Orbment do jogo
Em termos de gameplay, o jogo também não deve em nada. Ao no Kiseki não comete o mesmo erro da trilogia Trails in the Sky, onde as continuações reciclavam constantemente as dungeons. Apesar de se passar na mesma cidade, o jogo sempre leva os personagens a calabouços inéditos, reduzindo bastante a sensação de dejá-vu. O título oferece também ainda mais mecânicas e conteúdo opcional, como o sistema de Burst, uma espécie de barra de “Limit Break” da série Final Fantasy, que quando ativado faz o grupo ter 6 turnos consecutivos e mais outros benefícios, e um melhor sistema de fast travel através de um veículo, que inclusive pode ser customizado em aparência e alguns dispositivos de recuperação de energia. O jogo oferece até mesmo um mini-game similar ao clássico Puyo-Puyo, puzzle da SEGA.
Principal meio de transporte
Uma das maiores novidades do título são as Master Quartz. Essas pedras especiais não apenas possuem propriedades únicas e aumento de stats mais poderosos que os quartz comuns, como também evoluem junto com os personagens e concedem magias exclusivas de cada elemento, aumentando ainda mais o leque de recursos de customização do jogador. Mas nem tudo são flores, já que, com o aumento dos benefícios, a dificuldade também foi aumentada, levando os jogadores a enfrentarem muitos chefões difíceis ou quase impossíveis, exigindo ainda mais de senso estratégico e administrativo.
Master Quartz
Todo esse conteúdo não poderia estar sem o acompanhamento de uma boa trilha sonora: Ao no Kiseki possui músicas inéditas, muitas delas com ênfase em piano e/ou violino, assim como faixas já usadas em Zero no Kiseki e faixas remixadas, totalizando mais de 100 músicas em seu repertório e se tornando o trabalho mais grandioso da Falcom em termos de sonoplastia.
Sen no Kiseki
Em 2013, a Falcom lança The Legend of Heroes: Sen no Kiseki (trad: Trails of Flash), o primeiro jogo de uma nova saga.
O jogo não é só o primeiro da série para o Playstation 3 (e Playstation Vita), como também é o primeiro trabalho da Falcom a ser produzido com a mesma base, mas agora completamente em 3D. Para uma área nunca antes aventurada pela produtora, o trabalho final ficou consideravelmente decente; ainda que longe do padrão técnico esperado para consoles da sétima geração, o jogo possui bom apoio no quesito artístico.
Novo visual dos jogos da série
A história ocorre mais uma vez no continente de Zemuria, palco de todos os jogos da marca “Trails”, mas dessa vez no império de Erebonia, em um período paralelo aos acontecimentos da saga Crossbell. Apesar de trazer novamente velhas e conhecidas caras, os holofotes agora vão para estudantes da escola militar Thors, jovens que, aos poucos, vão aprimorando suas técnicas de combate e amadurecendo como cidadãos. Não só a temática, como o gameplay se tornou bem diferente de seus antecessores, utilizando elementos de socialização entre personagens e um pouco de simulação de vida acadêmica, vistos na série Persona, da Atlus, e lembrando um pouco o Final Fantasy Type-0 da Square-Enix.
Um dos principais destaques do jogo fica para o Link System, no qual personagens entram em combate em pares e, dependendo do nível de afinidade entre eles, várias habilidades de suporte podem ser ativadas durante as ações. Outra grande mudança acontece no sistema de orbment, deixando de ser um sistema de combinações elementais para um mais simples e objetivo, de equipar diretamente stats ou arts (magias), o que exige muito mais planejamento do jogador. O número de personagens também é um ponto a ser lembrado, já que é o primeiro da série Trails a trazer um vasto número de jogáveis de início: nove.
Mais um dia de aula em Thors
Para quem está acostumado com a série, vai achar estranho o clima leve e descompromissado dos estudantes, além do enredo que anda a passos curtos. O jogo só mostra a razão de carregar o nome “Trails” na reta final, apresentando, novamente, reviravoltas impressionantes e um gigantesco “TO BE CONTINUED”, bem quando as coisas começam a pegar fogo, da mesma forma que foi o primeiro jogo da marca. Assim como o cliffhanger cruel, o jogo volta as origens também no quesito linearidade, com pouca liberade para ir e vir em locais muito distantes, mas claro, sem prejudicar o conteúdo por isso.
A trilha sonora, para variar, conta com um notável repertório, com uma pegada bem oldschool, para fãs de RPGs da época de SNES e PS1 sentirem certa nostalgia com os ritmos.
Sen no Kiseki 2
Em 2014 é lançada a aguardada continuação das aventuras dos estudantes de Thors, Sen no Kiseki 2 (trad: Trails of Flash 2), novamente para Playstation 3 e Playstation Vita. Assim como Ao no Kiseki, Sen no Kiseki 2 foi também premiado como jogo mais esperado do ano pela Japan Game Awards.
Como de costume, o jogo não é apenas a metade final do enredo, como também apresenta adições e/ou aprimoramentos de sistemas e conteúdo em relação ao jogo anteror. É, de longe, o título mais volumoso da série, com uma quantidade notável de extras e uma extensa campanha principal, tudo de alta qualidade para entreter o jogador por dezenas de horas com atividades bem variadas, como derrotar inimigos especiais, lutar controlando um robô gigante, reencontrar colegas de escola perdidos pelo país, jogar cartas e até mesmo bater recordes de snowboarding.
Nada mais justo que enfrentar um robô com outro!
Em Trails in the Sky, o tema principal era explorar o psicológico dos personagens com seus traumas e sonhos, enquanto na saga de Crossbell, o foco era nos temas intelectuais político-policiais. Na saga de Erebonia, o apelo é mais emocional, mostrando todo o drama vivido por crianças que são obrigadas a amadurecer durante uma guerra. Apesar de muito bem trabalhado em elenco e história com suas reviravoltas, além de todo o apoio do background que a série Trails construiu ao longo dos seis jogos anteriores, a abordagem do título pode não agradar muito quem esperava um enredo denso e complexo no nível das sagas anteriores, já que os pensamentos, inseguranças, imaturidade e dependência de adultos dos jovens personagens são os destaques, sendo mostrados bem de perto e de forma crua, ofuscando bastante a real gravidade da situação em vários momentos e, consequentemente, não fazendo uma ligação muito forte entre protagonistas e o universo do jogo.
Um dos vários extras do jogo: Pistas de snowboarding
A sonoplastia, mais uma vez, se garante como um dos principais atrativos do jogo, com muitas faixas orquestradas e até mesmo batidas eletrônicas para expressar da melhor forma possível todos os momentos marcantes da jornada.
Ys VS Sora no Kiseki: Alternative Saga
Uma série de sucesso não poderia ficar de fora do mundo dos spin-offs e adaptações, não é mesmo? Com a série Trails, essa regra foi seguida.
Em 2010, meses antes de Zero no Kiseki, foi lançado o crossover Ys VS Sora no Kiseki: Alternative Saga (trad: Ys VS Trails in the Sky: Alternative Saga), para Playstation Portable. O jogo, como sugere o nome, reúne grande parte do elenco da série Trails com os mais famosos personagens de outro sucesso da Falcom, a franquia Ys. Apesar de ser um spin-off, dá a entender que o jogo se passa perto dos eventos finais de Trails in the Sky Second Chapter.
Vídeo com alguns combos dos personagens
O jogo segue a mesma proposta de títulos como Dissidia Final Fantasy, da Square-Enix e Tales of VERSUS, da Bandai Namco, reunindo vários personagens famosos de sua produtora em um jogo de luta. Ys VS Sora se destaca por sua jogabilidade fluida e completa (herdada diretamente de Ys), trilha sonora remixada com os maiores sucessos da empresa, o primeiro jogo a dublar personagens da série Trails, o primeiro título da Falcom a apresentar um sistema interno de conquistas que ajudam a desbloquear extras, e um conteúdo extra invejável, já que o jogo tem como bônus nada menos que vários vídeos, centenas de músicas e artes conceituais de vários jogos da Falcom: um prato cheio para os fãs da empresa. O título também prepara o terreno para Zero no Kiseki, com a participação do personagem Lloyd Bannings, protagonista da saga Crossbell.
Sora no Kiseki The Animation
Em 2011, foi lançado um Original Video Animation (OVA) da trilogia Trails in the Sky, chamado Sora no Kiseki The Animation (trad: Trails in the Sky The animation). Os dois episódiosda animação, produzidos pelo estúdio Kinema Citrus (Tokyo Magnitude 8.0), conta resumidamente os acontecimentos de Trails in the Sky Second Chapter.
A animação pode desapontar muitos fãs por não seguir fielmente o enredo do jogo, contendo muitas partes alteradas e até mesmo criadas, além de personagens que deveriam dar as caras não aparecerem até o final. Apesar dos pesares, ainda é um curta que vale a pena ser visto. Além de ótimas cenas de lutas, usa a excelente trilha sonora original do jogo e o enredo geral ainda é mantido. Fora que, ver como funciona o sistema de orbments, assim como ouvir todos os personagens devidamente dublados, é no mínimo interessante.
Nayuta no Kiseki
Em 2012, a Falcom lança Nayuta no Kiseki (trad: Trails of Nayuta), um RPG de ação, para Playstation Portable.
Apesar do nome, Nayuta no Kiseki não tem quase nada do universo Trails, a não ser alguns nomes de mecânicas e a presença de um cameo. O jogo fica muito mais próximo da série Ys, com jogabilidade rápida e fluida, mas em um gameplay muito mais puxado para o arcade.
As partidas rápidas de dungeons e a evolução gradativa do personagem faz de Nayuta no Kiseki um jogo com ritmo bastante agradável e adaptável ao jogador, A bola fora em relação ao título fica por conta do enredo, que não chega nem perto de ser complexo e grandioso como a série Trails canônica. Os personagens também não ajudam, pois praticamente nenhum ganha aprofundamento o suficiente para o jogador se identificar. Para os fãs da série Trails o título pode desapontar bastante. Mas independente disso, temos um action RPG de alta qualidade, com conteúdo amplo e variado que entretém o jogador até o último segundo, além de outro excelente trabalho da produtora na parte sonora.
Em 2013, foi ao ar o jogo social gratuito para celulares Yume no Kiseki (trad: Trails of Dreams), título que foi rapidamente descontinuado pela produtora Falcom.
Escolinha do barulho da Falcom
Em 2014, foi lançada uma microssérie animada chamada Minna Atsumare! Falcom Gakuen (trad: Everybody join Up! Falcom School), paródias com vários personagens da empresa em 13 episódios de 2 minutos de duração cada.
E, ainda sem data de lançamento, foi revelado em 2014 a produção de outro jogo para celular, sem nome oficial por enquanto, a segunda temporada de Falcom School (Nigakki, que significa segundo quadrimestre) e um RPG online para PCs chamado Akatsuki no Kiseki (trad: Trails of Dawn).
Com todos esses jogos, adaptações e o aparente sucesso, estaria então a série trilhando para o mundo? Infelizmente, é improvável. Como dito na primeira parte do especial sobre a série, as localizações pararam em Trails in the Sky First Chapter, e o segundo capítulo ainda está para chegar, mesmo após o lançamento do sétimo jogo da marca “Trails” no Japão. E mesmo que venha, considerando o ritmo de tradução da XSEED, empresa que localiza a série, o ocidente só veria as caras dos jogos mais recentes depois de décadas, literalmente. Apesar disso, vale deixar na cabeça o nome dessa série para conferir caso realmente seja toda localizada, ou até mesmo para quem tem interesse em aprender a língua japonesa, pois uma série que resgata o que compõe um bom JRPG e ainda eleva a narrativa a um outro patamar jamais visto para o gênero, não merece ser esquecida tão facilmente.
A FRANQUIA, EM ORDEM DE LANÇAMENTO:
-Jogo (ano, primeira plataforma)
Duologia Dragon Slayer:
-Dragon Slayer: The Legend of Heroes (1989, PC)
-Dragon Syaler: The Legend of Heroes II (1992, PC)
Trilogia Gagharv:
-The Legend of Heroes III: Prophecy of the Moonlight Witch (1994, PC)
-The Legend of Heroes IV: A Tear of Vermillion (1996, PC)
-The Legend of Heroes V: A Song of the Ocean (1999, PC)
Série Trails – Trilogia Trails in the Sky (Saga Libeel):
-The Legend of Heroes VI: Trails in the Sky First Chapter (2004, PC)
–The Legend of Heroes VI: Trails in the Sky Second Chapter (2006, PC)
–The Legend of Heroes VI: Trails in the Sky The Third (2007, PC)
Série Trails – Saga Crossbell:
-The Legend of Heroes: Zero no Kiseki (2010, PSP)
–The Legend of Heroes: Ao no Kiseki (2011, PSP)
Série Trails – Saga Erebonia:
-The Legend of Heroes: Sen no Kiseki (2013, PS3 & PSV)
-The Legend of Heroes: Sen no Kiseki 2 (2014, PS3 & PSV)
Outros:
-Ys VS Sora no Kiseki: Alternative Saga (2010, PSP)
-Sora no Kiseki The animation (2011, OVA)
-Nayuta no Kiseki (2012, PSP)
-Yume no Kiseki (2013, Mobile)
-Minna Atsumare! Falcom Gakuen (2014, Anime)
-Akatsuki no Kiseki (-, PC)
-Jogo para celular, ainda sem nome (-, Mobile)
-Minna Atsumare! Falcom Gakuen Nigakki (-, Anime)
-Este especial é uma versão atualizada e corrigida dos textos publicados no site Jogador Pensante e postado no site O Player 2.
-Análises de alguns jogos da série:
Zero no Kiseki (Akiha)
Zero no Kiseki (Hawk)
Ao no Kiseki
Sen no Kiseki
Nayuta no Kiseki