Post by Deleted on Jul 2, 2014 14:10:47 GMT -3
Nome: Tales of Xillia 2
Produtora: Namco Bandai
Gênero: JRPG
Plataforma(s): Playstation 3
Versão analisada: Japonesa
Mais um conto
Tales of Xillia 2 é a mais nova “nave mãe” (título canônico) de um dos JRPGs mais famosos do mundo para Playstation 3.
Tales of Xerox 2
Tales of Xillia 2 pode ser resumido em duas palavras: “Copy – paste”. O título apresenta uma quantidade ridícula de conteúdo novo (um pouco mais de 1/10 de todo o gameplay), que seria digno de um DLC de 10 dólares, mas nunca o preço de um jogo novo. O destaque negativo fica com o bestiário, que já é reciclado desde os primórdios dos Tales of 3D, mas agora foi 100% reutilizado de Xillia 1, sem nem ao menos ganhar alguma retocagem, tampouco mudança de estratégias de combate. Até mesmo chefões são massivamente reciclados, chegando ao ponto de até emocionar o jogador quando um totalmente inédito surge.
O jogo apresenta os mesmos cenários estilizados em tinta-óleo, mas com uma leve melhorada em texturas, modelagem e iluminação, realçando aida mais a beleza artística do título. O preço dessa melhoria, infelizmente, é alta, com o console “engasgando” de tempos em tempos e quedas bruscas de framerate em batalhas com muita coisa na tela. Outros aspectos técnicos continuam a mesma coisa, ou seja, elementos como movimentação labial fora de sincronia, movimentação robótica de personagens fora das batalhas e pop-in lamentável de NPCs (alguns demoram até 5 segundos para aparecerem), assim como as boas expressões faciais, excelente trabalho de dublagem e o competente trabalho de animações de golpes nas lutas.
Assim como quase todas as cidades, dungeons, puzzles, inimigos, chefões e NPCs, as músicas não poderiam ficar de fora da piada de péssimo gosto da Namco Bandai, apresentando quase todas as composições do antecessor e até algumas músicas de outros títulos da série, sem nem ao menos remixarem para dar um ar renovado. Ao menos, as raríssimas músicas novas são espetaculares, muito acima da média das trilhas sonoras convencionais da série.
Para cenas em anime, o jogo conta novamente com o trabalho da Ufotable, o estúdio mais bem sucedido e talentoso da atualidade. Infelizmente, o jogo não brilha nesse aspecto como seu antecessor, apresentando pouquíssimas e curtíssimas cenas, e essas, são mornas e/ou feitas para situações não tão empolgantes. A animação de abertura conta também com mais uma excelente participação da cantora Ayumi Hamazaki, uma das artistas asiáticas mais famosas do mundo. Com todos esses nomes fortes para aspectos tão secundários, surge novamente a indignação que a produtora japonesa tem causado há tempos: Namco, qual é o sentido de investir tanto em coisas não-interativas que não duram nem 10 minutos? Pega esse dinheiro, e faça conteúdo digno para uma série tão famosa. Tales of Xillia 2 é uma falta de respeito enorme para/com o consumidor.
Triste e miserável
Tales of Xillia 2 é uma continuação direta de seu antecessor, mais especificamente um ano depois dos acontecimentos do primeiro Xillia, apresentando novos personagens como Ludger, o novo protagonista. Aos poucos, o jogo também traz velhas caras e conta como eles têm vivivo durante esse tempo.
O enredo do jogo é obscuro e desolador, e é facilmente a trama mais desgraçada (no bom sentido) da série, com uma carga pesada de drama e abordagens psicológicas extremas, tudo isso no lugar da convencional trama baseada em situações do mundo real e reviravoltas mirabolantes típicas da série (a não ser que toda a reciclagem do jogo conte como um apoio ao meio ambiente). Infelizmente, o jogo deixa a bola cair nesse quesito em questões de narrativa e novos personagens, já que é tudo muito corrido, não dando espaço nem tempo pro jogador se identificar com as novas figuras, nem sentir o real peso das situações. Mas, ao contrário do que geralmente acontece em outros jogos, isso ao menos se acerta no pedaço final do título, desacelerando um pouco as informações e trabalhando bem mais a turma nova e seus relacionamentos.
Além da já citada trama, o jogo apresenta paralelamente mais dois elementos em sua narrativa: o desenvolvimento dos antigos personagens, feito de forma magistral, mostrando como eles amadureceram ao longo do tempo e suas novas dificuldades, e o background do universo, retratando muitas dificuldades sociais e políticas em manter a paz entre duas nações distintas. Nesses dois aspectos não há aonde indicar defeitos, pois é até então um dos jogos com informações mais bem balanceadas e distribuídas de toda a série.
Uma das maiores novidades de Tales of Xillia 2 é o trabalho em cima do protagonista Ludger. Ele é o primeiro de toda a série a adotar a postura “personagem-jogador”, ou seja, uma pessoa completamente muda, onde suas falas e personalidade dependem completamente das escolhas do jogador. De um lado isso foi um ótimo diferencial, já que, dependendo das escolhas, a trama pode sofrer alterações, como diálogos com informações distintas, cenas completamente diferentes e até mesmo casos mais extremos, como evitar lutas e levar a história a conclusões diferentes. É uma pena que as idéias não foram muito bem utilizadas, já que Ludger é um péssimo personagem, com total falta de carisma devido à completa falta de voz e sets de decisões ruins, que fazem o personagem de vinte anos ser moldado como um crianção ou deficiente mental em grande parte do tempo. Assim como os outros novos personagens, ao menos na reta final ele é trabalhado de forma mais dígna e os sets de decisões se tornam mais sérias, tornando-o aceitável de último momento.
Outro aspecto afetado positivamente pelo sistema de escolhas são as Skits, as clássicas conversas paralelas da série. Agora, além delas apresentarem assuntos sobre o enredo e assuntos triviais, elas permitem ao jogador escolher o que Ludger irá responder em diversas situações. Dependendo da resposta, é possível aumentar o nível de relacionamento entre o protagonista e um dos personagens, garantindo com isso itens e habilidades exclusivas.
Triste e miserável
Tales of Xillia 2 apresenta basicamente o mesmo mundo do primeiro, ou seja: grandes terrenos, dungeons e cidades tridimensionais em escala real interligados, todos repletos de itens caídos, pontos de coleta de minérios, baús e inimigos.
A progressão roda em torno do sistema de débito. Ludger, em certo ponto da história, fica com uma dívida de 20 milhões de gald, tendo sua liberdade limitada e sendo obrigado a devolver a quantia de tempos em tempos. O jogo então fica cobrando o jogador com parcelas que vão aumentando gradativamente, e após devolver uma delas, finalmente novas áreas são liberadas e a história é continuada. Para juntar o dinheiro necessário, é preciso realizar diversas side quests genéricas, de matar uma quantidade de inimigos ou coletar uma quantidade de itens. Até aí “tudo bem”, mas isso tudo não passa do início de uma série de decisões porcas de design e relaxo por parte da produtora.
Primeiro: as side quests genéricas, além de cansar facilmente com o tempo, muitas vezes se repetem por serem aleatórias, fazendo com que o já massivo backtracking se torne ainda mais deprimente.
Segundo: o jogo simplesmente pára de se expandir após a liberação do próximo evento para prosseguir na trama, mas as cobranças de dívida continuam. Se o jogador juntar uma quantia maior que a próxima parcela, o jogo vai cobrar, literalmente, a cada 3 passos dos personagens, tornando a jogatina impossível se o jogador não ceder e entregar todo seu dinheiro acumulado, que seria de grande utilidade para a futura parcela para progredir no enredo ou novos equipamentos, em troca de itens de pouca utilidade.
Terceiro: apesar das parcelas necessárias precisarem de apenas algumas quests, é inegável a inconveniência do sistema, de precisar a todo momento parar o jogo para fazer atividades genéricas e backtracking cansativo, quebrando completamente o ritmo do jogador. Outra coisa que incomoda bastante é o fato do dinheiro ser necessário também para a reposição de itens e compra de novos equipamentos, então no final das contas, o jogador precisa realizar quase todas as quests disponíveis no momento para prosseguir com o preparo adequando, deixando a jogatina ainda mais deprimente.
Quarto: por rolar em capítulos, o jogo geralmente progride na trama indo diretamente nos locais necessários, fazendo com que grande parte dos diversos locais sejam completamente opcionais. Esse aspecto seria excelente e o sistema de débito teria alguma salvação se as áreas liberadas com o pagamento da dívida fossem locais inéditos, mas infelizmente não é isso que acontece. O jogo, como já citado anteriormente, é basicamente todo o material do primeiro jogo, com novos ambientes podendo ser contados nos dedos de uma mão, sem brincadeiras. Qualquer um que tenha jogado o primeiro Xillia vai se ver passando pelos mesmos locais, matando os mesmos inimigos, abrindo baús nas mesmas posições e realizando os exatos mesmos puzzles pela terceira, quarta vez, ou até mais, dependendo de algumas sidequests. Outra coisa é que o jogo usa a desculpa do enredo de realidade paralela para re-reaproveitar locais e “resetar” a aquisição de itens e baús, dando a falsa sensação de local novo e exploração abundante.
Já as batalhas foram melhoradas em relação ao primeiro. O estilo continua o mesmo, a linear motion system 3D, com sistema de link para jogar com personagens em pares e desferir golpes especiais em dupla. O jogo, mesmo na dificuldade média, tem um desafio bem alto, principalmente nos chefões, que quebram combos mais facilmente e defendem muito mais golpes, excelente mudança para amantes de jogos difíceis. As habilidades nesse jogo estão também muito bem balanceadas, não existindo golpes ou magias extremamente poderosas, mas sim o momento certo para cada uma, talvez o título mais bem acertado nesse aspecto.
O sistema de troca de personagens no meio da batalha se foi, e no lugar dele, novos chegaram. Um deles é o de troca de armas de Ludger, que pode alternar entre duas espadas, duas pistolas ou um martelo, mudando o estilo de luta e habilidades. O jogo supostamente fez o sistema de uma forma que seja possível alternar as armas até mesmo no meio dos combos, mas isso infelizmente não se saiu muito bem, pois o mapeamento de comandos do jogo é péssimo, deixando a troca repentina lenta e desengonçada, assim como o comando de esquiva para os lados. Resta, para quem quer lutar dessa forma, aderir a um combo completamente automático sugerido pelo jogo, onde Ludger alterna armas em momentos definidos.
Outro sistema novo é a possibilidade de Ludger se transformar e ficar com poderes por tempo limitado, adição que ameniza um pouco a alta dificuldade do jogo, já que com esse modo, Ludger fica invencível (o dano vai diretamente pra duração desse modo) e pode desferir uma Mystic Arte (especial) a parte das normais.
A inteligência artificial do jogo está também bem trabalhada, podendo ser configurada minunciosamente para qualquer situação de jogo, com direito até a uso de itens em ordem de prioridade, algo similar ao sistema de Gambits de Final Fantasy XII.
Se em Xillia 1 o sistema de evolução era uma mistura de Spheregrid (Final Fantasy X) e Cristarium (Final Fantasy XIII), Tales of Xillia 2 é basicamente igual ao sistema de Titles de Tales of Graces F, com a diferença das habilidades passivas não ficarem em definitivo, necessitando escolher apenas uma parte, salvando com isso a customização presente desde o anterior. Para melhorar os personagens, basta apenas equipar diferentes dispositivos que absorvem diferentes tipos de mana (fogo, água, vento, etc), garantindo assim habilidades diferentes, bem automático e monótono comparado ao sistema do antecessor, onde exigia administração de pontos ganhos por níveis.
Extra! Extra!
Tales of Xillia 2 dura cerca de 40 horas fazendo os extras mais importantes e vendo todos os 3 finais disponíveis.
Em termos de sidequests, o jogo apresenta três tipos distintos: as genéricas, que servem apenas para ganhar dinheiro, as genéricas com enredo, que contam geralmente algo relacionado ao background do universo, e as sides de personagens, que têm ligação direta com a trama e trabalha massivamente no desenvolvimento individual de cada um. O destaque vai para o último, já que, além de enriquecer a história individualmente, elas podem influenciar diretamente nas cutscenes, liberando cenas extras na trama principal envolvendo mais a personalidade e modo de pensar do elenco. Outro ponto positivo vai para a disponibilidade delas, que estão muito bem organizadas, informativas e com indicadores para que os jogadores não precisem procurar por elas cidade por cidade, NPC por NPC, nem ir atrás de um monstro ou item específico às cegas.
Um dos principais extras do jogo fica por conta das aventuras de Lulu, o gato de estimação de Ludger. É possível mandar ele explorar os locais já visitados do mundo para adquirir itens exclusivos ou raros, e até mesmo outros gatos. O interessante é que isso rola em tempo do mundo real, ou seja, em cerca de 10 minutos cravados do sistema do PS3, Lulu volta com o que conseguiu. O calendário também é útil aqui, pois dependendo do dia da semana, um bônus diferente é ativado, como tempo menor para Lulu voltar, ou quantidade maior de itens, por exemplo. Esse sistema se faz necessário para a realização de algumas quests, e isso se torna frustrante, pois não importa quantos gatos Ludger já resgatou, eles só vão servir de enfeite e não vão ajudar Lulu, sendo obrigado a explorar tudo sozinho, um local de cada vez, e concedendo itens completamente aleatórios. As vezes uma quest pode demorar uma eternidade, pois o gato obeso não traz de jeito nenhum o item necessário.
Além dos citados acima, Xillia 2 ainda apresenta muitos outros extras. Há o sistema de caça à monstros gigantes (que infelizmente perdem grande parte da graça por serem 100% reciclagem dos últimos Tales of, até mesmo na música), um minigame de cartas, a tradicional arena, os diversos mapas opcionais (mesma situação dos monstros gigantes) e até mesmo ir atrás de 100 gatos espalhados pelo mundo, alguns com dicas de localização ao maior estilo Hot and Cold de Final Fantasy IX. O jogo conta também com uma dungeon extra após o final, e pasmém, essa não é reciclada!
Tales of Ecology 2
A Namco Bandai está de parabéns, pois provou, através de Tales of Xillia 2, que luta para proteger o meio ambiente, reciclando na maior cara de pau quase tudo dos jogos anteriores. Mas, independente da total falta de respeito com os fãs da série, o título apresenta progressão dígna de produções baratas underground e um sistema que estraga completamente o andamento de jogo, além dos incansáveis backtrackings mesmo para quem nunca jogou o primeiro. Talvez seja até uma boa para quem nunca jogou Tales of Xillia 1 e nem pretende, pois existe um resumão do que aconteceu dentro do segundo, mas para quem esperava uma sequência digna de uma das maiores franquias do Japão, ficará no mínimo indignado. Namco, esperamos da próxima vez um Tales of com ceninhas de abertura menos milionárias e conteúdo mais dígno para a série. Obrigado.
Nota: 5
jogadorpensante.com/2012/11/08/tomios-review-tales-of-xillia-2/