Post by Deleted on Jul 2, 2014 14:01:28 GMT -3
Nome: Tales Of Xillia
Produtora: Namco Bandai
Gênero: JRPG
Plataforma(s): Playstation 3
Versão analisada: Japonesa
15 anos de contos
Tales of Xillia é o terceiro jogo da série para o console HD da Sony, além de ser o título comemorativo de 15 anos da franquia.
Com a alma à frente do corpo
Tales of Xillia adota um estilo artístico diferente das versões anteriores, como aconteceu com Tales of Vesperia e seu visual clean de anime, e Tales of Graces, com seu toque de aquarela. Em Xillia, o jogador irá encontrar belíssimas paisagens estilizadas para parecer tinta óleo, com direito a remoção de bordas para dar um efeito borrado às coisas. Na parte de cutscenes de anime, o jogo impressiona com um volumoso e impecável trabalho da Ufotable, sendo facilmente comparado em termos de excelência com as CGs de Final Fantasy XIII, da Square-Enix.
Na parte sonora, Xillia apresenta um trabalho competente, indo desde músicas aceitáveis a muito bem compostas, além de mais um excelente trabalho de dublagem japonesa.
O jogo conta com instalação obrigatória, mas que por conta disso, elimina quase que completamente os loadings durante a jogatina. Mais um destaque positivo fica por conta das expressões faciais, que conseguem passar com bastante naturalidade o que a personagem está tentando expressar.
Agora, o negativo-delta. Tales of Xillia possui um péssimo acabamento, levando o jogo a ter serrilhados, texturas, e modelagens de geração passada, problemas de física de colisão, pop-in de NPCs em cidades, movimentação robótica fora das batalhas, queda de framerate em batalhas com inimigos numerosos, movimentação labial completamente fora de sincronia com as vozes, reaproveitamento do design de alguns inimigos de outros jogos da franquia (e em alguns casos, a reciclagem do monstro em si), design de algumas localidades clonadas, uso de NPCs genéricos pra representarem alguns NPCs-chave, falhas de som em alguns momentos do jogo e a impossibilidade de começar a jogar se já estiver conectado na PSN, tendo que desconectar e conectar já com o game iniciado se quiser ficar online enquanto joga (esses dois ultimos, ao menos, na cópia aqui testada).
Um jogo, uma história e meia
Tales of Xillia traz dois protagonistas para o jogador escolher com qual progredir logo de início. O interessante disso é que, dependendo do personagem escolhido, caminhos, cenas, eventos e aprofundamento de personagens diferentes do grupo são apresentados ao jogador. Apesar das diferenças entre eles, as duas narrativas/pontos de vista levam a um enredo e informações em comum, fazendo com que terminar o jogo duas vezes seja um bônus de informações e gameplay, não uma “obrigação” para entender algo.
O enredo é o típico “Tales of” de ser – uma história simples, mas densa, com reviravoltas surpreendentes, e que traz questões do mundo real para serem refletidas, como preconceito, problemas ambientais e choques de cultura e ideologia, por exemplo. A narrativa também é ao estilo clássico e é bem competente, mais focada em desenvolvimento dos personagens e da relação entre eles. Com cutscenes, conversas dinâmicas enquanto joga e conversas rápidas (conhecidas como “Skits” na série), o jogo apresenta o seu elenco, que tem desde personagens aceitáveis a muito bem construídos, todos com seu background, sua importância na história e suas mudanças/amadurecimento de pontos de vista.
Enchendo os bolsos de alegria
Tales of Xillia abandona o estilo dos jogos anteriores, com minigames, histórias paralelas e puzzles nem sempre interessantes para exploração em escala colossal, histórias não obrigatórias, mas que complementam a principal, e side quests baseadas em trabalho mercenário, ou seja, luta contra monstros e coleta de itens em troca de outros itens e dinheiro.
Xillia é apresentado através de um mundo em escala real, dividido em áreas, sistema já utilizado em jogos como Tales of Hearts (NDS), Tales of Graces (Wii, PS3), Radiata Stories (PS2) e Final Fantasy XII (PS2). Cada canto pode ser explorado, literalmente – pontos brilhantes em paredes, baús e sacos de itens espalhados pelos campos, passagens estreitas e suspeitas em alguns lugares, baús escondidos estrategicamente por aí e estantes e outros locais estranhos dentro e fora das casas nas cidades. O jogo é o primeiro da série a possuir câmera 3D o tempo todo, além de um mapa e um sistema de marcação do que o jogador fez no local onde se encontra, incentivando ainda mais a “limpeza” geral de todos os terrenos. O jogo também conta com um sistema de navigators/lembretes pra quests e colecionáveis, facilitando a vida de jogadores mais desligados.
O sistema de equipamentos também é bem interessante, necessitando que o jogador dê materiais aos mercantes para que eles eles produzam novos itens e evoluam suas lojas, dando até descontos de itens antigos. O sistema é representado por níveis e os itens são exigidos por categorias, e não específicos, fazendo com que o jogador possa estar “descarregando” qualquer coisa que coletou durante uma pausa e outra para administrar as lojas ou seu dinheiro, ao invés de perder tempo tentando encontrar um item raro ou outro como nos sistemas de forja convencionais.
O sistema de batalhas também traz novidades. A base continua sendo a linear motion system, ou seja, um campo horizontal para o jogador percorrer e lutar como se fosse um jogo de ação/luta. A partir daí, as adições: O sistema é agora uma mistura do tradicional “TP” (ou MP em outras franquias) com o “CC”, visto pela ultima vez em Tales of Graces (o que equivale a AP em outros jogos), resultando em lutas que misturam estratégia e habilidade do jogador. Foi também criado o link system, onde dois personagens lutam em cooperativo, trazendo benefícios únicos como habilidades especiais e a possibilidade de desferir golpes e sequências mais poderosas. Além disso, foi acrescentada a possibilidade de trocar a party atual com os reservas durante a luta, e até no meio de uma sequência de golpes especiais, aumentando assim consideravelmente a variedade estratégica e melhorando o balanceamento e utilidade de todo o grupo. Junto com os personagens, os chefões também sofreram mudanças, sendo neste game muito mais resistentes e perigosos, mesmo em dificuldades mais baixas, necessitando que o jogador tome decisões estratégicas diferentes e utilize recursos que normalmente não usaria em batalhas comuns.
Para evoluir, o jogador conta conta com um sistema bem similar ao Cristarium, de Final Fantasy XIII. Com a Lillial Orb, o jogador deve “comprar” skills e status com pontos ganhos por aumento de nível. Mas nem por isso o sistema é igualmente linear e limitado como o jogo da Square-Enix, pois uma vez liberadas as habilidades passivas, é possível “equipá-las” ao personagem em um número limitado, fazendo com que o jogador molde cada um de acordo com o seu próprio gosto ou situação encontrada. A Inteligência Artificial do jogo também pode ser configurada, disponibilizando um leque grande de ações a serem feitas em diferentes casos. O sistema trabalha bem e raramente deixa o jogador na mão. Até mesmo os itens podem ser configurados em um sistema similar aos Gambits, de Final Fantasy XII, onde certas condições (morrer para usar Life Bottle, por exemplo) devem ser alcanças para a ativação. Tales of Xillia certamente é um dos jogos mais maleáveis em questão de customização de personagem e party da série.
Título de explorador
Tales of Xillia transforma o sistema de titles, os clássicos apelidos para os personagens, em um sistema mais unificado e sólido de conquistas internas. Ações como usar skills várias vezes, completar bestiário e inventário, alcançar certa parte da história e muitos outros feitos e atividades concedem titles, que por sua vez dão pontos para o Grade Shop, um local para “comprar” coisas especiais, como multiplicação de exp e aumento do limite de itens, para uma próxima jogatina. Ou seja, além de ser um incentivo em si para fazer atividades extras, é um incentivo para jogar o new game extra, pelo menos para terminar o jogo com os dois personagens.
As titles cobrem basicamente todos os extras do jogo, portanto, para se ter uma boa pontuação para o Grade Shop, é preciso: explorar muitas das várias áreas extras, matar inimigos opcionais, encontrar baús especiais, achar o máximo de inimigos e itens diferentes que puder, evoluir todos os personagens e shops ao máximo e cumprir o máximo que puder das dezenas de side-quests disponíveis.
Contando apenas a main quest e uma exploração mínima dos cenários, o jogo dura entre 30 a 35 horas para ser concluído com um dos personagens, e por volta de 50 para ver o que acontece dos dois lados.
Conto épico
Tales of Xillia é facilmente o melhor JRPG para Playstation 3 e um dos melhores da série até então, mostrando ser um título que se libertou de tradições ultrapassadas e tomou proporções muito maiores que seus antecessores. Tem suas falhas sim, muitas delas técnicas, mas nada que tire o brilho do título.
Nota: 9,5
jogadorpensante.com/2011/09/16/tomios-review-tales-of-xillia/