Post by Krodierk on Jun 19, 2014 17:13:27 GMT -3
Quando eu era um garoto jovem e sonhador, zerar um jogo era uma espécie de missão e façanha que o tornava famoso entre os garotos do prédio e da escola. Pegar todas esmeraldas do Sonic 2 sem usar o código secreto? Você conseguia porque MANJAVA mesmo. Zerar Contra? Provavelmente significava que você era o novo Sidarta Gautama.
O gênero que marcou minha infância por sua dificuldade, no entanto, foram os RPGs seguidos pelos clássicos Adventures de point & click. Eram jogos que acabavam por se basear não em habilidade, mas na capacidade de compreensão. A língua inglêsa, é claro, era a principal barreira destes jogos, sendo de certa forma uma dificuldade extra aos desafios que já eram difíceis.
Com o passar do tempo, infelizmente a sagrada dificuldade foi violada pelo foco que as produtoras deram para jogadores novatos, além de que o domínio da língua inglesa é muito mais difundido entre jogadores. O assunto é longo, de forma que vou ser breve: qual foi a última vez que você viu um jogo que se todas suas vidas e continues acabassem você fosse irremediavelmente obrigado a jogar tudo do começo? Qual o último RPG que você viu que não deixa explícito o que você deve fazer para não ficar travado em uma parte? Os jogos atuais menosprezam e muito a capacidade de novatos evoluírem de forma a um dia se tornarem capazes de vencer desafios dificílimos.
Eu procuro por dificuldade. Procuro por desafios que não me tratem como um acéfalo. Joguei Dark Souls. Joguei Demons Souls. Joguei alguns Roguelikes e jogos de ação na última dificuldade. Zerei Dead Space 2 no hardcore. Zerei sem continue 5 jogos da série touhou.
Mas nada disso era o bastante. Eu precisava de mais! Eu sou tão foda! CAPAZ DE ZERAR TODAS ESSAS MERDAS DA GERAÇÃO ATUAL! Eu me achava o verdadeiro PICA DAS GALAXIAS!
Foi então que descobri La Mulana.
O gênero que marcou minha infância por sua dificuldade, no entanto, foram os RPGs seguidos pelos clássicos Adventures de point & click. Eram jogos que acabavam por se basear não em habilidade, mas na capacidade de compreensão. A língua inglêsa, é claro, era a principal barreira destes jogos, sendo de certa forma uma dificuldade extra aos desafios que já eram difíceis.
Com o passar do tempo, infelizmente a sagrada dificuldade foi violada pelo foco que as produtoras deram para jogadores novatos, além de que o domínio da língua inglesa é muito mais difundido entre jogadores. O assunto é longo, de forma que vou ser breve: qual foi a última vez que você viu um jogo que se todas suas vidas e continues acabassem você fosse irremediavelmente obrigado a jogar tudo do começo? Qual o último RPG que você viu que não deixa explícito o que você deve fazer para não ficar travado em uma parte? Os jogos atuais menosprezam e muito a capacidade de novatos evoluírem de forma a um dia se tornarem capazes de vencer desafios dificílimos.
Eu procuro por dificuldade. Procuro por desafios que não me tratem como um acéfalo. Joguei Dark Souls. Joguei Demons Souls. Joguei alguns Roguelikes e jogos de ação na última dificuldade. Zerei Dead Space 2 no hardcore. Zerei sem continue 5 jogos da série touhou.
Mas nada disso era o bastante. Eu precisava de mais! Eu sou tão foda! CAPAZ DE ZERAR TODAS ESSAS MERDAS DA GERAÇÃO ATUAL! Eu me achava o verdadeiro PICA DAS GALAXIAS!
Foi então que descobri La Mulana.
Produtora: Nigoro
Gênero: Aventura/exploração (Metroidvania)
Plataforma: PC/WII
Dificuldade: ABANDON ALL HOPE, YE WHO ENTER HERE
Introdução
La Mulana é um jogo criado por um grupo independente chamada de GR3 formada apenas por 3 pessoas que depois formaram uma produtora chamada Nigoro. O jogo inicialmente foi produzido para passar um feeling de pura nostalgia: seus gráficos, trilha sonora e controles eram uma homenagem ao extinto MSX, tendo até mesmo uma telinha inicial que “fingia” ser do console. Lançado em 2005, o jogo passou por um período de obscuridade, sendo disponível apenas para o público japonês, até que dois anos depois foi traduzido pelo grupo AGTP.
Ouvi falar muito de La Mulana com o passar do tempo. O jogo seguia o estilo do subgênero chamado Metroidvania, possuindo um enorme mapa repleto de interligações e segredos. Também ouvi falar de sua dificuldade, que segundo as lendas era altíssima, algo que inclusive no manual do jogo era abordado pelos criadores que criticavam a era atual dos vídeo games. Após algum tempo, o jogo ganhou fama suficiente para receber um remake para o Wii e PC, mantendo seu aspecto retrô, mas se tornando muito mais atraente para o público curioso.
Eu finalmente havia achado um oponente à minha altura, pensei.
Logo, eu descobriria que meu corpo e mente não estavam prontos.
La Mulana possui uma introdução quase nula de sua história e personagem, a maior parte sendo contada pelo manual do jogo. O personagem principal é Lemeza, um aventureiro tipo Indiana Jones que parte em uma jornada para explorar as ruínas de La Mulana, lugar que segundo as lendas é dito ser a origem de todas civilizações. Sua busca não se limita apenas pelo desejo de fama e curiosidade; o pai de Lemeza a algum tempo atrás explorou as mesmas ruínas e desde então está desaparecido.
A jornada começa em um pequeno vilarejo bem ao lado das ruínas. Este local serve durante todo o jogo como uma espécie de base para o jogador, que deve retornar a ele frequentemente para recuperar energia, comprar alguns itens e conversar com o ancião da vila para receber algumas pistas de onde ir ou o que fazer. A jogabilidade segue bastante a linha retrô, com uma movimentação que fica entre o eficaz e o travado em certas ações, como por exemplo os pulos que lembram a movimentação do clássico Ghouls n’ Ghosts.
O jogo não apresenta tutoriais e deixa claro que o jogador deve aprender a utilizar seus itens de acordo com a situação e necessidade. Por exemplo, logo de cara Lemeza é confrontado com o problema da linguagem das ruínas. Para ler os textos escritos em diversos lugares, o jogador é obrigado a equipar um Scanner que permite a visualização dos hieróglifos, mas para conseguir decifrar a linguagem aí entra outro equipamento muito importante que é o laptop e seus softwares.
Durante a aventura, o jogador encontra e compra diversos programas que podem ser instalados no laptop, como por exemplo um tradutor de texto e um gravador de imagens encontradas. Também é possível combinar diversos programas de forma a ganhar alguns poderes diferentes e aumentar o dano de certas armas.
O jogo dispõe em seu decorrer diversos equipamentos exóticos que aumentam a capacidade de exploração, como pulo duplo, agarrar paredes, além de diversas armas que e subitens que também são necessários para se resolver alguns puzzles. Há uma similaridade muito agradável com o clássico Castlevania Symphony of the Night.
Logo de cara, as ruínas iniciais são um desafio e tanto. Os monstros são bastante persistentes em seus ataques e existem milhares de armadilhas que você só descobre na pior hora. Várias delas são letais e capazes de matar instantaneamente. Nas primeiras horas, você logo se vê em diversas situações em que você aprende a temer o os perigos e começar a por na balança a questão de custo benefício: agora que você chegou tão longe nas ruínas é melhor retornar para a segurança do vilarejo ou arriscar se aventurar? Há uma grande similaridade com o aprendizado de Dark Souls, é necessário avançar e morrer diversas vezes para se descobrir quais são os melhores caminhos a serem tomados e onde estão determinados tesouros. Algumas vezes, vale a pena agir como um Kamikaze para descobrir como chegar em um determinado lugar para depois morrer e fazer este caminho de uma forma segura.
Um detalhe que adiciona e muito a dificuldade é o fato de que só é possível recuperar energia de duas formas, ou matando inimigos e ganhando experiência que ao invés de aumentar seu level recupera toda sua energia, ou voltando para o vilarejo e se banhando em uma lagoa curativa. Os save points são bastante escassos, e são a chave para avançar no jogo de forma segura.
O level design das ruínas é caprichado a um ponto que é muito pouco visto nos dias de hoje, diversas salas são interligadas, possuindo atalhos, passagens secretas e tesouros muito bem escondidos, além disso, cada parte das ruínas de La Mulana representam diversas civilizações que já habitaram este planeta, os Maias, Egípcios e diversas raças estranhas, como gigantes e alienígenas.
À princípio, o jogo é bastante agradável com sua idéia de exploração Indiana Jones, apesar de já demonstrar que será fonte de frustração e diversas mortes com suas armadilhas. A dificuldade inicial é alta, embora seja aceitável.
Só que as primeiras 2 horas de La Mulana não são NADA se comparadas ao que vem adiante.
Como dito no começo deste review, este é um jogo de aventura parecido com Indiana Jones. O grande problema é que o jogo não somente parece, mas EXIGE que o jogador se comporte como um verdadeiro arqueólogo.
Lembra do que falei sobre dificuldade lá no começo? Imagine que em La Mulana, os primeiros momentos são uma espécie de tutorial no modo casual para fetos retardados. Os puzzles só "parecem" difíceis. Eles ainda não testam sua mente, sua habilidade e os limiares de sua sanidade.
Após os momentos iniciais os puzzles ficam mais difíceis. Não, ABSURDAMENTE mais difíceis. Na verdade, alcançam uma dificuldade extraplanar para os confins mais elevados de existência. O resto do review irá se focar apenas nisso por ser algo absolutamente insano.
Para os resolver você precisa não somente de um grande interesse empírico, mas de uma dose enorme de dedução, raciocínio, e nos últimos casos, visitas à casas umbanda. Existem pistas. Milhares delas. E se você deseja ter uma chance mínima de resolver um puzzle quando estiver com cerca de 12 horas de jogo, é absolutamente vital que você tenha começado a notar e anotar tudo desde o começo do jogo. Tudo o que você lê, por mais críptico, folclorico ou em algumas vezes, incompleto tem uma potêncial enorme de ser uma peça chave para resolução de algo, que perdoe meu francês, está localizado na puta que pariu.
Vamos dizer que em outros jogos do gênero, seja adventure de point click ou rpgs, existe um modo de progredir que chamaremos de "força bruta". Com este termo eu quero ilustrar aquelas situações em que, bem, você já perdeu o saco tentando passar de uma parte que está travado. O que você faz? Tenta de tudo. Sai usando todos seus itens aqui e ali, e eventualmente um deles funciona e você resolve um puzzle ou sai de uma dungeon. Num jogo de ação você entra em modo bezark e sai correndo e atirando em tudo. Uma cacetada de jogos da geração atual tem isto. Não vou mentir, em La Mulana dá para fazer isso beeem no comecinho. Mas depois?
Algo que qualquer jogador que deseja jogar este jogo deve entender é aqui, força bruta não te leva a nada. Isso não vale somente para os puzzles, mas para o jogo inteiro. O level design é genial e ao mesmo tempo uma sessão de tortura, com saltos que devem ser milimetricamente calculados, armadilhas que aparecem nos PIORES momentos. Os inimigos possuem padrões de ataque extremamente traiçoeiros e os bosses por si só são um assunto à parte.
Além de serem gigantescos e morderem sua barra de energia feito um biscoito, seus padrões de ataque são muitas vezes imprevisíveis e extremamente difíceis de serem desviados, e muitas vezes a melhor solução é desistir até conseguir alguma arma, equipamento ou uma barra de energia maior que faça com que Lemeza aguente o tranco. E mesmo assim você vai perder. INÚMERAS vezes. Tanto para conseguir chegar neles, como para descobrir onde você os encontra e os derrotar.
Poucos jogos da atualidade são capazes de gerar uma impressão que chegue perto do desnortamento, da completa falta de direção que você irá se encontrar ao tentar jogar La Mulana. Algumas vezes é possível ficar perdido durante horas até se descobrir que por causa do caminho que você tomou no jogo (é possível fazer certas coisas antes de outras) você está dependendo da resolução de um único puzzle ou tesouro que você não encontrou.
Exemplos de frustração: em uma certa parte, fui obrigado a obter um ítem que está localizado em uma sala específica com um puzzle que só abria com um ítem específico que só era possível se conseguir matando um chefe específico que ativava um puzzle em uma parte completamente diferente da ruína que após resolvido me dava o ítem para abrir uma sala completamente vazia e fazer o puzzle. Este puzzle, segundo uma transcrição encontrada sei-lá-onde dizia para "sob os olhos da deusa, eu ir dormir".
A solução? Toda vez que você pausa o jogo sem entrar no inventário, Lemeza pega uma marmita e começa a comer. Depois de 15~30~40 segundos, se é que você reparou durante suas horas de jogo, ele termina e tira um cochilo. Outro puzzle dizia para eu "fazer o Mario". Em outras palavras, encontrar 2 jarras específicas nas ruínas que permitiam que eu imitasse o encanador da nintendo entrando pelo cano (neste caso, nas jarras) quando apertava para baixo em cima delas.
Eu. Não. Estou. Brincando.
Por fim, de uma forma irônica e praticamente masoquista esta dificuldade acaba por gerar uma espécie de meta-game. Entenda, você irá desistir. Em algum momento, você vai ir chorar procurando algum faq que te diga exatamente o que fazer. É um fato. É uma afirmação minha. Ainda que você use um faq, o jogo é insanamente difícil pois dependendo do que você explorou e fez, você ainda vai depender de resolver um outro puzzle ou chegar em algum outro lugar específico, e desta forma não vai saber aonde está, que parte do faq você tem que procurar, ou se você esqueceu ou não ativou uma alavanca escondida que até ser ativada não permite que você vá até o outro canto do mapa fazer o que deve.
Você percebe depois de um tempo, que ler um faq em La Mulana é o equivalente a ler as notas de outros aventureiros. Você tem que passar os olhos por um conteúdo massivo de anotações totalmente embaralhadas tentando procurar algo que seja útil lendo partes que não tem relação nenhuma com outras. Mesmo com um faq você tem ainda que se esforçar pra caramba.
Acredite. Isto é parte do jogo. Desconfio que os sádicos criadores fizeram uma espécie de piada criando um jogo tão frustante que o jogador em seu desespero é obrigado a pedir ajuda aos universitários. Uma crítica à geração atual que para qualquer probleminha ou pedrinha no caminho já existem milhões de detonados e faqs e gente que sabe te ensinar o que fazer em um fórum.
Acreditem no que vou dizer agora, basicamente todos reviews que você ler por aí nesses tão afamados sites de jogos como Gamespot, IGN e Destructoid vão dizer que La Mulana "e um jogo charmoso que traz de volta as raízes dos jogos com uma experiência retrô e desafios que após te frustrar o recompensam", além de diversos outros chavões do gênero. No fim do review há uma nota em torno de oito, pelo menos acima de sete.
Esses caras não jogaram MERDA NENHUMA.
Qualquer pessoa que escreva um review desses com certeza não jogou mais que duas seções da ruína com ajuda de um faq. Com certeza não passaram da metade do jogo. Com certeza não ficaram irremediavelmente putos. La Mulana é um dos raros jogos que merece uma nota alta, mas que ao mesmo tempo merece perder a metade por cause de sua dificuldade. Eu adoraria dar um nota alta, mas seria o mesmo de tirar um certificado de hipocrisia.
Eu posso jurar em nome de todos divindades de religiões deste mundo que qualquer pessoa desta geração que disser que zerou este jogo sem ajuda é com 99.5% de chance um mentiroso patológico que em seguida vai dizer que os elefantes aprenderam a voar e estão cagando ouro e que a Square Enix voltou a fazer jogos bons. EU JURO.
La Mulana é uma experiência e tanto que dificilmente se está preparado. O jogo é desafiador? Tem um gameplay polido e retrô? É inteligente? É recompensante? Sim. Mas também é uma verdadeira cria das criaturas mais obscenas, cruéis e pecaminosas das profundezas mais negras do inferno esperando para varar o seu fiofó e o transformar em uma vadia de Satã. Se você zerar este jogo, será imediatamente elevado a um plano superior de existência onde os segredos do universo e da existência parecerão insignificantes perto do que você passou. Além disso, por toda eternidade você será servido por mulheres loiras e virgens.
La Mulana é o jogo mais difícil que joguei na minha vida.
La Mulana é uma lição de humildade.
E eu ainda não zerei. (atualização 14/06/2014 deletei do meu notebook =( )
Ouvi falar muito de La Mulana com o passar do tempo. O jogo seguia o estilo do subgênero chamado Metroidvania, possuindo um enorme mapa repleto de interligações e segredos. Também ouvi falar de sua dificuldade, que segundo as lendas era altíssima, algo que inclusive no manual do jogo era abordado pelos criadores que criticavam a era atual dos vídeo games. Após algum tempo, o jogo ganhou fama suficiente para receber um remake para o Wii e PC, mantendo seu aspecto retrô, mas se tornando muito mais atraente para o público curioso.
Eu finalmente havia achado um oponente à minha altura, pensei.
Logo, eu descobriria que meu corpo e mente não estavam prontos.
Os primeiros passos
La Mulana possui uma introdução quase nula de sua história e personagem, a maior parte sendo contada pelo manual do jogo. O personagem principal é Lemeza, um aventureiro tipo Indiana Jones que parte em uma jornada para explorar as ruínas de La Mulana, lugar que segundo as lendas é dito ser a origem de todas civilizações. Sua busca não se limita apenas pelo desejo de fama e curiosidade; o pai de Lemeza a algum tempo atrás explorou as mesmas ruínas e desde então está desaparecido.
A jornada começa em um pequeno vilarejo bem ao lado das ruínas. Este local serve durante todo o jogo como uma espécie de base para o jogador, que deve retornar a ele frequentemente para recuperar energia, comprar alguns itens e conversar com o ancião da vila para receber algumas pistas de onde ir ou o que fazer. A jogabilidade segue bastante a linha retrô, com uma movimentação que fica entre o eficaz e o travado em certas ações, como por exemplo os pulos que lembram a movimentação do clássico Ghouls n’ Ghosts.
O jogo não apresenta tutoriais e deixa claro que o jogador deve aprender a utilizar seus itens de acordo com a situação e necessidade. Por exemplo, logo de cara Lemeza é confrontado com o problema da linguagem das ruínas. Para ler os textos escritos em diversos lugares, o jogador é obrigado a equipar um Scanner que permite a visualização dos hieróglifos, mas para conseguir decifrar a linguagem aí entra outro equipamento muito importante que é o laptop e seus softwares.
Durante a aventura, o jogador encontra e compra diversos programas que podem ser instalados no laptop, como por exemplo um tradutor de texto e um gravador de imagens encontradas. Também é possível combinar diversos programas de forma a ganhar alguns poderes diferentes e aumentar o dano de certas armas.
O jogo dispõe em seu decorrer diversos equipamentos exóticos que aumentam a capacidade de exploração, como pulo duplo, agarrar paredes, além de diversas armas que e subitens que também são necessários para se resolver alguns puzzles. Há uma similaridade muito agradável com o clássico Castlevania Symphony of the Night.
Logo de cara, as ruínas iniciais são um desafio e tanto. Os monstros são bastante persistentes em seus ataques e existem milhares de armadilhas que você só descobre na pior hora. Várias delas são letais e capazes de matar instantaneamente. Nas primeiras horas, você logo se vê em diversas situações em que você aprende a temer o os perigos e começar a por na balança a questão de custo benefício: agora que você chegou tão longe nas ruínas é melhor retornar para a segurança do vilarejo ou arriscar se aventurar? Há uma grande similaridade com o aprendizado de Dark Souls, é necessário avançar e morrer diversas vezes para se descobrir quais são os melhores caminhos a serem tomados e onde estão determinados tesouros. Algumas vezes, vale a pena agir como um Kamikaze para descobrir como chegar em um determinado lugar para depois morrer e fazer este caminho de uma forma segura.
Um detalhe que adiciona e muito a dificuldade é o fato de que só é possível recuperar energia de duas formas, ou matando inimigos e ganhando experiência que ao invés de aumentar seu level recupera toda sua energia, ou voltando para o vilarejo e se banhando em uma lagoa curativa. Os save points são bastante escassos, e são a chave para avançar no jogo de forma segura.
O level design das ruínas é caprichado a um ponto que é muito pouco visto nos dias de hoje, diversas salas são interligadas, possuindo atalhos, passagens secretas e tesouros muito bem escondidos, além disso, cada parte das ruínas de La Mulana representam diversas civilizações que já habitaram este planeta, os Maias, Egípcios e diversas raças estranhas, como gigantes e alienígenas.
À princípio, o jogo é bastante agradável com sua idéia de exploração Indiana Jones, apesar de já demonstrar que será fonte de frustração e diversas mortes com suas armadilhas. A dificuldade inicial é alta, embora seja aceitável.
Só que as primeiras 2 horas de La Mulana não são NADA se comparadas ao que vem adiante.
Os treze círculos do inferno
Como dito no começo deste review, este é um jogo de aventura parecido com Indiana Jones. O grande problema é que o jogo não somente parece, mas EXIGE que o jogador se comporte como um verdadeiro arqueólogo.
Lembra do que falei sobre dificuldade lá no começo? Imagine que em La Mulana, os primeiros momentos são uma espécie de tutorial no modo casual para fetos retardados. Os puzzles só "parecem" difíceis. Eles ainda não testam sua mente, sua habilidade e os limiares de sua sanidade.
Após os momentos iniciais os puzzles ficam mais difíceis. Não, ABSURDAMENTE mais difíceis. Na verdade, alcançam uma dificuldade extraplanar para os confins mais elevados de existência. O resto do review irá se focar apenas nisso por ser algo absolutamente insano.
Para os resolver você precisa não somente de um grande interesse empírico, mas de uma dose enorme de dedução, raciocínio, e nos últimos casos, visitas à casas umbanda. Existem pistas. Milhares delas. E se você deseja ter uma chance mínima de resolver um puzzle quando estiver com cerca de 12 horas de jogo, é absolutamente vital que você tenha começado a notar e anotar tudo desde o começo do jogo. Tudo o que você lê, por mais críptico, folclorico ou em algumas vezes, incompleto tem uma potêncial enorme de ser uma peça chave para resolução de algo, que perdoe meu francês, está localizado na puta que pariu.
Vamos dizer que em outros jogos do gênero, seja adventure de point click ou rpgs, existe um modo de progredir que chamaremos de "força bruta". Com este termo eu quero ilustrar aquelas situações em que, bem, você já perdeu o saco tentando passar de uma parte que está travado. O que você faz? Tenta de tudo. Sai usando todos seus itens aqui e ali, e eventualmente um deles funciona e você resolve um puzzle ou sai de uma dungeon. Num jogo de ação você entra em modo bezark e sai correndo e atirando em tudo. Uma cacetada de jogos da geração atual tem isto. Não vou mentir, em La Mulana dá para fazer isso beeem no comecinho. Mas depois?
Algo que qualquer jogador que deseja jogar este jogo deve entender é aqui, força bruta não te leva a nada. Isso não vale somente para os puzzles, mas para o jogo inteiro. O level design é genial e ao mesmo tempo uma sessão de tortura, com saltos que devem ser milimetricamente calculados, armadilhas que aparecem nos PIORES momentos. Os inimigos possuem padrões de ataque extremamente traiçoeiros e os bosses por si só são um assunto à parte.
Além de serem gigantescos e morderem sua barra de energia feito um biscoito, seus padrões de ataque são muitas vezes imprevisíveis e extremamente difíceis de serem desviados, e muitas vezes a melhor solução é desistir até conseguir alguma arma, equipamento ou uma barra de energia maior que faça com que Lemeza aguente o tranco. E mesmo assim você vai perder. INÚMERAS vezes. Tanto para conseguir chegar neles, como para descobrir onde você os encontra e os derrotar.
Poucos jogos da atualidade são capazes de gerar uma impressão que chegue perto do desnortamento, da completa falta de direção que você irá se encontrar ao tentar jogar La Mulana. Algumas vezes é possível ficar perdido durante horas até se descobrir que por causa do caminho que você tomou no jogo (é possível fazer certas coisas antes de outras) você está dependendo da resolução de um único puzzle ou tesouro que você não encontrou.
Exemplos de frustração: em uma certa parte, fui obrigado a obter um ítem que está localizado em uma sala específica com um puzzle que só abria com um ítem específico que só era possível se conseguir matando um chefe específico que ativava um puzzle em uma parte completamente diferente da ruína que após resolvido me dava o ítem para abrir uma sala completamente vazia e fazer o puzzle. Este puzzle, segundo uma transcrição encontrada sei-lá-onde dizia para "sob os olhos da deusa, eu ir dormir".
A solução? Toda vez que você pausa o jogo sem entrar no inventário, Lemeza pega uma marmita e começa a comer. Depois de 15~30~40 segundos, se é que você reparou durante suas horas de jogo, ele termina e tira um cochilo. Outro puzzle dizia para eu "fazer o Mario". Em outras palavras, encontrar 2 jarras específicas nas ruínas que permitiam que eu imitasse o encanador da nintendo entrando pelo cano (neste caso, nas jarras) quando apertava para baixo em cima delas.
Eu. Não. Estou. Brincando.
Por fim, de uma forma irônica e praticamente masoquista esta dificuldade acaba por gerar uma espécie de meta-game. Entenda, você irá desistir. Em algum momento, você vai ir chorar procurando algum faq que te diga exatamente o que fazer. É um fato. É uma afirmação minha. Ainda que você use um faq, o jogo é insanamente difícil pois dependendo do que você explorou e fez, você ainda vai depender de resolver um outro puzzle ou chegar em algum outro lugar específico, e desta forma não vai saber aonde está, que parte do faq você tem que procurar, ou se você esqueceu ou não ativou uma alavanca escondida que até ser ativada não permite que você vá até o outro canto do mapa fazer o que deve.
Você percebe depois de um tempo, que ler um faq em La Mulana é o equivalente a ler as notas de outros aventureiros. Você tem que passar os olhos por um conteúdo massivo de anotações totalmente embaralhadas tentando procurar algo que seja útil lendo partes que não tem relação nenhuma com outras. Mesmo com um faq você tem ainda que se esforçar pra caramba.
Acredite. Isto é parte do jogo. Desconfio que os sádicos criadores fizeram uma espécie de piada criando um jogo tão frustante que o jogador em seu desespero é obrigado a pedir ajuda aos universitários. Uma crítica à geração atual que para qualquer probleminha ou pedrinha no caminho já existem milhões de detonados e faqs e gente que sabe te ensinar o que fazer em um fórum.
Conclusões
Acreditem no que vou dizer agora, basicamente todos reviews que você ler por aí nesses tão afamados sites de jogos como Gamespot, IGN e Destructoid vão dizer que La Mulana "e um jogo charmoso que traz de volta as raízes dos jogos com uma experiência retrô e desafios que após te frustrar o recompensam", além de diversos outros chavões do gênero. No fim do review há uma nota em torno de oito, pelo menos acima de sete.
Esses caras não jogaram MERDA NENHUMA.
Qualquer pessoa que escreva um review desses com certeza não jogou mais que duas seções da ruína com ajuda de um faq. Com certeza não passaram da metade do jogo. Com certeza não ficaram irremediavelmente putos. La Mulana é um dos raros jogos que merece uma nota alta, mas que ao mesmo tempo merece perder a metade por cause de sua dificuldade. Eu adoraria dar um nota alta, mas seria o mesmo de tirar um certificado de hipocrisia.
Eu posso jurar em nome de todos divindades de religiões deste mundo que qualquer pessoa desta geração que disser que zerou este jogo sem ajuda é com 99.5% de chance um mentiroso patológico que em seguida vai dizer que os elefantes aprenderam a voar e estão cagando ouro e que a Square Enix voltou a fazer jogos bons. EU JURO.
La Mulana é uma experiência e tanto que dificilmente se está preparado. O jogo é desafiador? Tem um gameplay polido e retrô? É inteligente? É recompensante? Sim. Mas também é uma verdadeira cria das criaturas mais obscenas, cruéis e pecaminosas das profundezas mais negras do inferno esperando para varar o seu fiofó e o transformar em uma vadia de Satã. Se você zerar este jogo, será imediatamente elevado a um plano superior de existência onde os segredos do universo e da existência parecerão insignificantes perto do que você passou. Além disso, por toda eternidade você será servido por mulheres loiras e virgens.
La Mulana é o jogo mais difícil que joguei na minha vida.
La Mulana é uma lição de humildade.
E eu ainda não zerei. (atualização 14/06/2014 deletei do meu notebook =( )
Nota do Krod :
8.2(sem a dificuldade absurda)
4.6(com a dificuldade)
PREPARE-SE PARA SER VIOLADO EM TODOS ORIFÍCIOS
8.2(sem a dificuldade absurda)
4.6(com a dificuldade)
PREPARE-SE PARA SER VIOLADO EM TODOS ORIFÍCIOS