Post by Deleted on Jun 18, 2014 22:33:39 GMT -3
Nome: Nier
Produtora: Cavia
Gênero: Action RPG
Plataforma(s): Playstation 3 (Replicant, Japão), Xbox 360 (Gestalt, Japão)
Versão analisada: Nier Replicant
Replicante
Nier é o primeiro jogo da Cavia (Drakengard, PS2) para consoles de nova geração. O jogo conta com duas versões únicas no Japão: Replicant para Playstation 3 e Gestalt para Xbox 360. Gestalt é a mesma coisa da versão ocidental, com legendas e menus em japonês, enquanto Replicant conta com alguns elementos mais particulares, como o protagonista sendo um jovem irmão no lugar do senhor pai, algumas falas modificadas por conta disso, e a única versão dublada por atores japoneses. Em termos de história, as duas versões são idênticas.
Flor no deserto
Feio. O adjetivo mais direto e certeiro possível para caracterizar Nier. O jogo conta com efeitos, texturas e físicas dignas de geração passada, ou até mesmo retrasada, em algumas partes. Apesar das aparências, o jogo consegue manter uma jogabilidade agradável e flúida, nunca deixando o jogador na mão, além de ter uma excelente direção artística e dar atenção à elementos para adultos, como violência explícita.
A trilha sonora de Nier é algo para se pensar com calma. Apesar de apresentar belas músicas cantadas, o jogo possui um grave defeito: repetição, tanto em vezes tocadas como na faixa em si, que é curta e entra em loop rápido demais, fazendo com que longas jogatinas se tornem cansativas aos ouvidos. Na parte das dublagens, o jogo apresenta outro excelente trabalho dos atores japoneses.
Apesar dos defeitos técnicos, Nier apresenta um dos gameplays mais ricos em variedade da geração, surpreendendo o jogador a cada novidade apresentada.
O poder da palavra
Nier conta com um enredo e universo caótico e melancólico (no bom sentido), fazendo com que o jogador esteja sempre preparado para o pior. O jogo apresenta a história e os personagens em doses pequenas, fazendo com que a primeira impressão seja a de um jogo com narrativa falha, o que não é verdade – Nier conta com um story telling bastante similar ao de Drakengard (Playstation 2)(até porque é Spin-off da série), com informações espalhadas por vários finais diferentes. Uma ótima sacada, pois esse método incentiva o jogador a continuar jogando depois de terminar o jogo enquanto explica aos poucos o sentido dos personagens (e de quem joga) estarem fazendo o que fazem.
Apesar do enredo em si ser simples, Nier se torna grandioso por conta de suas reviravoltas e revelações-chave, chegando a ponto de fazer os jogadores mudarem de ponto de vista e terem sensações diferentes, mesmo que estejam fazendo a mesma coisa que faziam até pouco tempo atrás. Já os personagens do jogo são, em sua grande maioria, exóticos, tanto em personalidade como em história por trás deles, ficando difícil não gostar de, pelo menos, um deles. Mesmo com todo o clima sombrio que cerca o jogo, o bom humor não é deixado de lado, contando com algumas boas sacadas entre os personagens de tempos em tempos.
O mundo não é o bastante
Nier, como todo action RPG, conta com exploração de dungeons, batalhas em tempo real, magias, vilas e campos. Até aí nada de novo, mas o que brilha no jogo são os pequenos detalhes que não foram esquecidos pela produtora. Praticamente a cada nova tarefa, o jogador é surpreendido com um novo estilo de jogo, como sound novels (textos com música), platforming 2D e shooter em visão isométrica utilizando magias, quase todas adaptadas a partir do clássico estilo de batalha melee, resultando em um gameplay sólido e rico ao mesmo tempo.
O jogo conta com um bom acervo de armas, adquiridas de diversas maneiras, como comprar em lojas ou recompensa de quests. Ao todo são três categorias distintas (espada de uma mão, duas mãos e lança) e particularidades únicas de cada arma, fazendo que o personagem possa ter em uma mesma categoria uma arma muito pesada e outra muito leve, entre outras características que influenciam no poder e velocidade dos ataques. As armas ainda podem sofrer melhorias através de itens, que são vendidos em lojas, encontrados nos campos ou caçando animais e inimigos.
Além das armas é possível também “equipar” o personagem com words, que equivalem a skills passivas de outros jogos. Words são adquiridas derrotando diversos inimigos e podem ser utilizadas para tudo: armas, magias e ações. O ponto mais interessante do sistema é a liberdade e as possibilidades de combinações para que, no final, o jogador possa ter um equipamento ou uma magia adequada para toda e qualquer situação a hora que quiser.
Como nem tudo são flores, Nier possui seus defeitos. O jogo possui um número muito pequeno de localidades, dando lugar a backtrackings excessivos ao longo da jornada. Além disso, o jogo também carece de puzzles, itens escondidos e passagens extras – é possível contar nos dedos de uma mão algum mapa com outros caminhos além do objetivo, algum lugar com um quebra-cabeça pra resolver ou mesmo um incentivo para explorar alguma área.
Os personagens que acompanham o protagonista também sofrem de defeitos e limitações, pois são praticamente inúteis em batalha e não possuem nenhuma opção de configuração além de mandar atacar, ficar parado ou defender. Ao menos, o jogador não precisa se preocuprar com a vida deles, pois revivem sozinhos quando mortos.
Direto ao ponto
Nier é um jogo que acertou em aspectos de gameplay em seu conteúdo principal, mas peca bastante nos opcionais. A grande maioria dos extras do jogo são chatos, monótonos e/ou repetitivos, como side quests que exigem um número exagerado de itens raros, um sistema de horta onde é necessário se dedicar por dias literalmente e um sistema de pesca realizado basicamente segurando o direcional para uma de três direções diferentes.
Felizmente, grande parte desses extras não são obrigatórios para ver todos os finais do jogo, o único fator replay realmente relevante. Ao todo, são 15 horas de jogatina sem extras, e cerca de 25 horas para ver todos os finais.
Na memória
Nier é um jogo com altos e baixos, onde os altos felizmente se sobressaem. Apesar de todos os seus defeitos, o jogo ainda brilha pela dedicação dos produtores em apresentar um gameplay flúido e variado, além de uma história que vai melhorando a cada nova informação revelada.
Nota: 7,5
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