Post by Deleted on Jun 12, 2014 0:08:40 GMT -3
O que aconteceria se as mitocôndrias, que hoje fazem parte do sistema celular de todos seres vivos, se “rebelassem”? Parasite Eve, JRPG da Squaresoft lançado em 1998 pra Playstation, mostra uma das hipóteses.
Parasite Eve é um jogo único. Ao menos em sua época, pois tudo no título é diferente dos já conhecidos chocobos ou personagens cabeçudos: uma ambientação obscura, arte e narrativa mais madura, personagens mais sérios e uma trilha sonora digna de filmes de suspense/terror. Apesar de diferente, o jogo não deixa de ter a qualidade de um produto da Square, contando com belas CGs e um trabalho 3D decente, além de uma jogabilidade bastante agradável.
Uma das músicas:
O jogo conta a história de Aya Brea, uma jovem e novata policial que acaba se envolvendo em um misterioso caso de mutações, combustões e mitocôndrias. É difícil lembrar de Parasite Eve e não lembrar de filmes de terror e suspense, comparações dadas graças a atmosfera densa e obscura causada pela narrativa, das conversas envolvendo teses científicas dos personagens, e da forma com que cada peça se encaixa ao decorrer da trama. Apesar de aparentemente ser fenomenal, o jogo peca pelo morno elenco, tendo poucos personagens realmente memoráveis como a própria Aya e seu parceiro Daniel. Vale lembrar também que o jogo não é apenas baseado e com referências, como é também continuação de um livro (posteriormente adaptado para filme) japonês de mesmo nome.
Filme:
Parasite Eve é um jogo mais focado em enredo e batalha, dividido em capítulos e com pouca exploração – são poucas as localidades extras ou coisas escondidas, o que pode soar ruim para amantes de opcionais, mas ótimo para quem gosta de um jogo mais rápido, de uma história interessante, um sistema de batalhas mais livre que os convencionais e muito desafio. Dificuldade certamente é um dos atrativos do título, já que o mesmo pode dar bastante dor de cabeça para quem não tiver muita paciência com os sistemas de jogo. O sistema de batalhas ocorre em forma de encontros aleatórios, levando o jogador para uma arena livre para se movimentar, mas ainda em turnos ativos. No lugar de espadas, Aya se aproveita de um boa variedade de armas de fogo, todas elas com prós e contras para cada situação ou monstrengo que a policial encontrar pelo caminho. Além disso, o jogo oferece um sistema de forja, fazendo com que particularidades de duas armas se juntem para formar uma mais poderosa. Mas nem tudo é mamata, pois o jogo limita o numero de itens que Aya pode carregar, e quanto mais rara e poderosa uma arma, mais difícil é o modo de arranjar mais balas. O jogo oferece também um sistema básico de magias que a protagonista pode usar graças à Parasite Energy, habilidade celular única de Aya.
Apesar de poucos extras, não quer dizer que eles não existam, tampouco sejam ignoráveis. Parasite Eve possui um fator replay considerável, seja pelos pontos de upgrades ganhos após terminar o jogo para o new game+ (Ex game), seja pela dungeon extra de 77 andares ainda mais desafiadora que a rota da trama, seja para criar a arma perfeita fazendo infinitas combinações.
Parasite eve, para a sua época, foi apenas “mais um” diante das dezenas de títulos de excelente qualidade lançados pela Squaresoft, mas suas particularidades fazem do título merecedor de destaque: desafio, clima noir e maturidade, elementos raros em 98. E atire a primeira pedra quem não aprendeu alguma coisa, não se interessou por aulas de organelas celulares e nem melhorou as notas de biologia após jogar o título.
Nota: 9
jogadorpensante.com/2011/03/04/epoch-the-time-machine-parasite-eve/