Atelier Meruru: The Apprentice of Arland
Jun 11, 2014 11:43:29 GMT -3
djcoston and Gigahero like this
Post by Deleted on Jun 11, 2014 11:43:29 GMT -3
Nome: Atelier Meruru: The Apprentice of Arland
Produtora: Gust
Gênero: JRPG
Plataforma(s): Playstation 3, Playstation Vita (Meruru Plus)
Versão analisada: Playstation 3, japonesa
Forjando dinheiro…oh wait
Atelier Meruru: The Apprentice of Arland é o último da trilogia “Arland”, lançada para Playstation 3 e posteriormente para Playstation Vita, e continuação direta de Atelier Totori.
Forjando papéis para os confetes
Atelier Meruru traz diversas mudanças e melhorias em relação aos jogos anteriores, que vão desde diferenças discretas a drásticas. A começar pela trilha sonora, que vai muito além das melodias em flautas dos jogos anteriores para um repertório bem mais variado e bem trabalhado tecnicamente. O grande destaque a esse aspecto fica por conta das lutas contra os chefões, que possuem músicas semelhantes a da série Mana Khemia, também da Gust, tanto em gênero quanto em qualidade. O jogo também oferece uma opção para usar todas as músicas dos jogos anteriores, caso o jogador preferir.
O visual também foi melhor trabalhado, deixando o jogo com um aspecto mais suave, estilo lápis de cor. Além disso, os cenários e personagens foram ainda mais bem detalhados, deixando a qualidade artística, que é o forte da Gust, ainda mais em evidência. Tecnicamente, infelizmente, não se pode dizer o mesmo. Apesar dos modelos dos personagens serem muito bem trabalhados, os cenários não possuem geometria, texturas e efeitos visuais muito convincentes para essa geração, além da falta de movimentação labial e o velho problema de movimentações robóticas que assombram a trilogia. O jogo também persiste no pop-in de inimigos, NPCs e pontos de colheita de materiais, problema presente desde Atelier Rorona.
Forjando tempo para jogar…?
Atelier Meruru, apesar do subtítulo, não se passa em Arland, e sim em Arls, reino vizinho ao pais dos jogos anteriores. Diferente dos aspectos e referências à antiga Itália presente nos antecessores, Arls passa uma sensação mais britânica, o que reforça a percepção do jogador em ver que o jogo é situado em um local bem diferente do habitual Arland.
Meruru, a protagonista que dá nome ao jogo, também é bem diferente em personalidade se comparada à Rorona e Totori. A proposta do jogo ajuda bastante nesse aspecto, pois os acontecimentos fazem com que a personagem amadureça e ganhe mais visão do que acontece à sua volta. Os personagens presentes no jogo formam um simpático e variado elenco, que vão desde caras velhas a novas, e assim como nos outros jogos, é possível saber mais sobre eles realizando eventos particulares com os mesmos. É possível jogar somente este título sem ficar completamente perdido na história, mas para ter total entendimento do relacionamento entre os personagens e de inúmeros eventos citados durante o jogo, é recomendável jogar os dois primeiros jogos antes.
Em questão de história, Atelier Meruru deixa de lado o clima mais sério e dramático de Atelier Totori para voltar à velha e suave comédia de Atelier Rorona.
Forjando comida e café para o intervalo…!
Atelier Meruru segue a idéia de Atelier Totori, onde a main quest e side quests são interligadas e deixa o jogador livre para fazer o que quer na hora que quiser, além de um sistema de rank, medido por pontos ganhos a cada ação realizada. Nesse titulo, o sistema foi ainda mais aperfeiçoado e polido, deixando a sensação de liberdade e possibilidades ainda maiores, a começar pelo fator tempo – apesar do sistema de tempo limite continuar (alguns anos para terminar o jogo, onde, tirando coleta de itens e batalhas, toda e qualquer ação leva, no mínimo, um dia), todos os outros tipos de limitações foram eliminados ou extendidos. Isso significa que o jogador não precisa ficar o tempo todo de olho no calendário, pois as quests de bar para ganhar dinheiro, as de amigos para aumentar a amizade e os pedidos de trabalho do reino e dos moradores não possuem uma data para expirar. Há apenas a necessidade do jogador mostrar que está tendo algum progresso para o reino durante os primeiros anos (o que é bem simbólico, chega a ser mais difícil não ter progresso suficiente do que o contrário).
O jogo reforça ainda mais o lema “facilidade para quem busca o caminho mais difícil”, ou seja, quem se dedica em criar itens raros e poderosos, coleta inúmeros itens, batalha sempre que puder e administra o tempo com sabedoria, vai ter uma jogatina tranquila, com tempo de sobra e não vai suar tanto a camisa em lutas mais importantes.
O novo sistema de jogo é basicamente “evolua Arls para um país grande e moderno em x anos”. No começo, o reino disponibiliza poucas localidades e tarefas, mas ao longo do progresso inúmeros outros locais, trabalhos e clientes vão aparecendo. O mais interessante é que o jogo dá liberdade total à escolha, ordem e execução das quests, que inclusive resultam em eventos e finais diferentes, dependendo apenas de como o jogador traçou sua rota ao longo dos anos. Outro ponto bastante interessante é a sensação real de evolução do país ao longo do tempo. Por exemplo, realizando uma tarefa de forjar e levar materiais de construção para um terreno, o mesmo local depois de um tempo se torna uma vila com habitantes, casas, engradados e hortas, resultando em materiais raros e/ou de melhor qualidade. Infelizmente, falta um pouco de dinamismo para checar trabalhos pendentes, já que não há atalhos para onde é preciso ir, apenas para qual item forjar, necessitando o jogador procurar “manualmente” o local que está escrito nos lembretes.
O jogo também tem um novo sistema de usar os pontos de rank acumulados com a execução de tarefas. Com esses pontos, é possível comprar estabelecimentos, que ficam prontos depois de um certo tempo e dão bonus variados, como melhorias nas batalhas criando campos de treino, melhorias na alquimia com academias de estudo e até mesmo uma renda todo mês criando redes industriais.
Como todo jogo da série, Atelier Meruru conta com um sistema completo e versátil de criação de itens a partir de ingredientes e/ou outros itens, podendo manipular desde qualidade do produto a preço, propriedades, efeitos e outras particularidades. Nesse título foram implementadas ainda mais características e itens, além do novo sistema de fundir dois efeitos iguais de níveis diferentes para formar uma versão mais poderosa, resultando em itens e equipamentos ainda mais eficientes. Mas para isso, o jogador precisa ter paciência, os materiais necessários e muitos cálculos e tentativas.
As batalhas do jogo são parecidas com as de Atelier Totori, batalhas em turno com wait time contado, bem próximas da série Mana Khemia e da trilogia Atelier Iris. Em Atelier Meruru foi adicionado um interessante sistema de combo entre os três integrantes do grupo, bastandos ter barras especiais sobrando e Meruru usar algum item de ataque. Quanto maior o número de barras e o número de usos permitido pelos itens, maior o combo e mais poderoso o ataque final. Os ataques especiais dos personagens também foram modificados, tendo duas versões: a normal e uma versão extendida da mesma, que acontece quando o ataque vai finalizar o inimigo. Em questões de dificuldade, as batalhas de Atelier Meruru são bem mais desafiadoras, exigindo ainda mais dedicação do jogador, desde escolher os personagens mais adequados para os inimigos certos a forjar itens de ataque e cura da forma mais eficiente possível, isso sem falar que poucos itens no inventário é quase um sinônimo de suicídio. Felizmente (ou infelizmente), o jogo se torna bem mais fácil depois que os melhores equipamentos e itens ficam disponíveis, e poucos chefes e inimigos ainda vão dar trabalho.
A exploração varia desde pequenos pedaços de terra a caçabouços com terrenos extensos e vários setores. Apesar de ter evoluído um pouco em relação aos jogos anteriores, Atelier Meruru ainda possui fields com design simplórios demais. Deixar o jogo cheio de labirintos e armadilhas certamente arruinaria a proposta de coletar materiais que a série carrega, mas isso não impede o jogo de possuir campos menos lineares, com algo além de itens e inimigos para interagir, mesmo que fosse apenas em locais completamente opcionais/secretos.
Forjando a vontade de parar de jogar
Atelier Meruru é um jogo que pode durar de 20 a mais de 100 horas, tempo que depende de qual e quantos dos 10 finais disponíveis o jogador pretende ver. O sistema de finais do jogo é baseado diretamente no que o jogador faz ou deixa de fazer durante os anos de trabalho, diferente dos jogos anteriores, onde grande parte dos finais eram baseados na protagonista com outro personagem. Com isso, o jogo fica com uma vida útil bem maior pela probabilidade de cada nova jogada ser completamente diferente da outra para se ter um final específico.
Forjando uma despedida
Atelier Meruru: The Apprentice of Arland fecha, sem dúvidas, com chave de ouro a trilogia que começou no Playstation 3. Um jogo complexo e desafiador, mas ao mesmo tempo de fácil entendimento e relaxante. Um jogo que abraça forte o fator liberdade e mecânicas mais “manuais”, elementos que fazem muita falta em uma geração tão automatizada e cinematográfica como a atual.
Nota: 9,5
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