SPOILER: Death Stranding e Xenosaga- Inconsciente coletivo
Dec 30, 2019 23:29:34 GMT -3
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Post by Gigahero on Dec 30, 2019 23:29:34 GMT -3
AVISO: TOPICÃO SPOILER.
SPOILERS PESADOS DO NOVO DEATH STRANDING, sem caixa de spoilers nem nada, então cuidado. Além disso mais spoilers violentos de Xenosaga e vários animes e jogos que forem precisos, Persona, Evangelion, etc.
Então vamos começar...
Bem, desde Julho mais ou menos eu venho lendo bastante coisa sobre mitologia, principalmente daquelas que eram apenas pinceladas da escola, algo que sempre gostei e não abandonei através dos jogos, mas ao mesmo tempo não tinha parado pra ler sobre o menos popular, então me empolguei e fiquei com aquela sensação nostálgica da infância.
Então Death Stranding já me pegou no início quando começou a tacar um pouco da mitologia egípcia para começar no easy. Pelo o que comentava no chat viu que não estava muito empolgado por não gostar de "Terror", mas felizmente esse não é o clima de jogo, fui na confiança cega no Kojima e não me arrependi.
Mas uma das coisas que mais gostei foi que cada vez mais no final o jogo mostrava mais e mais elementos que vi em Xenosaga e no que estava lendo antes, que pensei comigo mesmo "Putz, é só uma frase, mas consigo entender um monte de coisas dela porque já vi antes, então imagino que pro oriental tudo seja mais fácil de entender por serem coisas da cultura, da religião, por isso que eles não explicam tudo, o povo já sabe o conceito básico". E nem os autores precisam ser estudiosos nem nada, é só apresentar o sobrenatural de maneira artística.
Então decidi traçar um paralelo, mais pelo que vem na minha cabeça, com coisas que pensei na hora e colocando mais uns animes que pensei depois. Pode ser o basicão, como disse, são conceitos culturais que eu não tive, mas alguém pode ter de berço ou da facul, quem sabe alguém que não tinha feito o paralelo ainda pode achar interessante e achar mais fácil de entender o próximo jogo doidão.
1- A estrutura do mundo.
O conceito base de muitos mundos nos jogos e animes é o conceito do inconsciente coletivo. O termo em sí é muito usado com base no conceito de Carl Jung, Persona 4 Golden, na sua parte dos extras, tem diversos eventos com o professor do P3 contando a história do Jung e explicando que os conceitos de Persona, com sua representação em figuras mitológicas e Shadows, são retirados diretamente dele. Então esse é o mais popular e recente, até estudado na psicologia. Mas o mesmo conceito vem desde a antiguidade se espalhando principalmente tendo como base o Hinduísmo na Índia, seguindo pro oriente com o Budismo, o que faz os conceitos serem bem populares por lá, no ocidente veio na forma da filosofia grega e o gnosticismo, pode até ser mais senso comum na Europa, mas aqui só o básico.
Então o universo se divide em algumas "dimensões", planos estruturais, que seriam basicamente o Mundo físico e o plano espiritual que existem simultaneamente, o corpo tem um correspondente no plano espiritual. Então os conceitos base são os mesmos, mas a terminologia e a forma de apresentarem diferem, dependendo de como o autor quer apresentar.
Xenosaga chama na dimensão dos números reais e números imaginários, já que ele usa mais a terminologia grega-agnóstica.
Death Stranding chama de "Beach", mas beach mesmo é só uma parte.
Então nós temos a estrutura básica:
- Mundo Físico/Real.
- Mundo das Almas/Imaginário.
O ser humano existe na Terra, mas a consciência vive no mundo das almas simultaneamente e se manifesta através do corpo.
Em Xenosaga tudo tinha um correspondente, não só pessoas, no Death Stranding só os humanos tinham sua "praia", mas durante o jogo eles se questionam sobre isso. Mas de fato, nos termos religiosos, o fato de ter conhecimento e auto-reconhecimento é um ponto importante pra conseguir manter a individualidade e quem sabe superar a morte.
Porque no final as almas voltam pro Coletivo de Almas de fato, representado pelo mar, o breu e se mistura, deixa de existir. Mesmo reencarnando, não será você mesmo. É nesse ponto que entra o "Arayashiki", o 8º sentido/saber visto em CDZ e Gundam Iron Blooded Orphans, é onde as memórias ficam guardadas, só acessando você pode manter o seu eu.
2- B.T. e Gnosis
Essa busca por manter o seu eu, ou retornar tudo pro coletivo e recomeçar, são normalmente onde começa a dar merda nos animes/jogos.
Quando a consciência rejeita voltar pro coletivo, ela se manifesta no mundo físico como um "Fantasma", representado como B.T. e Gnosis.
Ambos andam em grupos, de vários seres juntos, mas ao mesmo tempo eles representam as consciências que temem a morte e por isso "isolaram mais suas praias", por isso mesmo em grupo, eles estão sós e buscam fazer contato com um ser vivo. O que causa uma explosão pela anulação de duas naturezas diferentes no Death Stranding, ou a pessoa se torna "estátua de sal" ou vira um Gnosis em Xenosaga pelo medo que o próprio Gnosis que tocou passa.
Ambos não podem ser tocados fisicamente, apesar deles poderem te tocar, no Death Stranding os fluidos de Sam conseguem. No Xenosaga a KOS-MOS faz o "Hilbert Effect". Se fosse hoje em dia seria com seus fluidos também, não duvidem.
3- NETWORK
Mas antes de continuar nessa linha, se existe um plano onde tudo é conectado, no plano das consciências, ele daria um belo meio de transporte.
Em Death Stranding essa é a Chiral Network, no Xenosaga, é a U.M.N., sigla que aparece mil vezes, "Unus Mundus Network".
O jump da Fragile também, nesse ponto eles teorizam que cada um forma um Multiverso, mas no próprio Death Stranding eles mostram que as praias são conectadas, mas você não consegue acessar outra consciência sem uma forte ligação emocional (Ou com a skill). Como no final onde a gente anda e sempre volta pro mesmo ponto.
Da mesma forma o "Hiperespaço" pra viajar entre planetas, se comunicar ou mesmo as armas da KOS-MOS que se teleportam, vem pela U.M.N.
Ambos um meio de conectar as almas e colateralmente sendo úteis pro dia-a-dia.
4- U-DO, E.E. e o Ciclo de Morte e Renascimento
Aqui normalmente é um ponto mais difícil de entender, mas nem tanto.
Plano físico é conectado ao plano da consciência onde tudo é mais "próximo". Mas existe um outro plano "mais alto" que pode observar tudo melhor e é conectado não só um universo, mas a vários diferentes.
Esse é o plano do U-DO, uma onda existencial, uma energia viva, ao menos como pode ser percebido no plano físico.
Esse é o plano do chefe final do Death Stranding, ou ao menos, o plano do chefe é algo mais próximo.
O outro grande conceito que vem das religiões é o de morte e renascimento. Big Bang e Big Crunch. E o renascimento nem sempre é você renascer, como no Death Stranding, cada onda de extinção deixava sobreviventes que evoluiam, assim os Sumérios diziam que a cada 1.200 anos vinha uma grande fome ou guerra pra controlar a população, até vir o grande Dilúvio e os deuses decidiram usar outras formas pra evitar a superpopulação. Da mesma maneira os Zoroastras previam um universo de 12.000 anos.
Mesma coisa no Hinduísmo, há a roda de Samsara, onde a morte e reencarnação, lá dos 6 mundos de Shaka de CDZ, mas como o Shaka disse, só há dois mundo bons, o dos humanos, onde você passa por alegrias e sofrimentos e o paraíso dos deuses, onde pode ser confortável, mas um pensamento impuro e você é enviado pros outros mundos. E mesmo assim essa roda de mundos como um todo está destinada a destruição.
Então o grande objetivo é atingir o Nirvana, é sair da roda de existência e ir pra um plano superior, se juntar a energia cósmica inexplicável. Essa é uma maneira de sair do ciclo morte e renascimento e da extinção final. Uma fuga da existência para assim fugir da morte.
Dito isto, esse é outro ponto em comum dessas obras: O saber da extinção trás uma sensação de temor fora de controle.
Em Death Stranding, o chefe nasceu com acesso ao plano superior, lá ele viu o fim do mundo várias e várias vezes, porque ele sim tem acesso ao Multiverso, não só viu, como viveu, tentou evitar, até desistir, mais ou menos.
Em Xenosaga o universo está condenado pelo chaos, que foi criado pelo universo com a habilidade de eliminar os Gnosis, só ao tocar. Como Gnosis gera mais Gnosis, seria uma forma de controlar a população, até chegar em um ponto crítico onde a grande quantidade de Gnosis, geraria o colapso do mundo das consciência no mundo físico e o chaos acabaria destruindo tudo, mesmo sem querer, já que é só tocar. (KOS-MOS em compensação consegue reunir todas os Gnosis, todas as consciências que se recusam a unir, assim elas não são "dispersadas" de vez pelo chaos).
Quem observou tudo e tudo foi o U-DO, no seu plano superior. chaos é uma maneira e destruir o universo antes que o processo de Gnosis atinja U-DO e assim destrua todos os universos.
A treta começa com a UMN. No princípio da criação da rede a proteção no mundo das consciências era insuficiente, Dmitri Yuriev entrou em contato com U-DO e teve todas as mesmas visões de destruição inevitável do universo várias e várias vezes.
Ele partiu pra "ordem natural", primeiro arranjou um jeito de superar a morte, não perder a sua consciência mesmo na morte, o "Arayashiki", sem voltar pro coletivo, sem virar um Gnosis. Mas isso não salva da extinção final. Depois o plano foi tampar os olhos de "deus", prendendo seus avatares do mundo físico e da consciência através do Zohar que é uma das poucas fontes de acesso. Então se o mundo é destruído pra preservar a dimensão superior e os outros universos, com suas partes presas, sem seus olhos, o mundo ganharia um tempo extra e ele poderia testar suas armas anti-U-DO. Ele teve a compreensão que U-DO é que destrói o mundo, mas as visões eram as observações do mesmo, não ação. Mas mesmo assim a sua conclusão foi em ascender ao plano superior pela porta que a prisão do "U-DO", substituir deus.
Da mesma forma foi Krellian no Xenogears, com Wave Existence preso no Zohar, quando ele formasse o mesmo mecanismo, poderia abrir a porta, o "path of sephiroth" pra Wave Existence voltar ao seu plano superior e assim ele ir junto.
Então Krellian e Yuriev, ambos queriam atingir o "Nirvana", uma dimensão superior, longe da existência, do sofrimento e da inevitável extinção. E é isso que é proposto pro Sam em Death Stranding.
5- Random
Tanta coisa que nem sei mais, deixa tentar soltar de maneira rápida umas aleatoriedades:
Conceitos parecidos, eventos parecidos.
Preso no mundo das consciências, o tempo não passa, então em Xenosaga temos a Nephilim na forma de criança. Justamente Nephilim na mitologia seriam os filhos dos anjos com os homens, os Gnosis tem formas angelicais, ela está presa sendo nem um nem outro. Em Death Stranding também.
Inclusive, pessoa doente que só consegue se manifestar no mundo da mente, temos a Sakura no Xenosaga e as várias Momos na tentativa de fazer seu corpo, mas esse é mais comum, podemos até apontar o arco Mother Rosario de Sword Art Online.
Um conceito Gnostico, ao menos onde li, é que o mundo foi criado quando "Sophia" tentou alcançar o pai celestial, mas bateu em uma espécie de barreira e no "crash" o mundo foi criado. No sentido que a criação é acidental, sem objetivo de bem ou mal, mas que esses elementos foram criados junto com o mundo. Sophia sendo sabedoria, conhecimento em grego, então faz parte de todo o conceito de ter conhecimento, se iluminar, para retornar ao pai celestial, andar o caminho das sefirote, alcançar o Nirvana, etc. Assim o componente "Sofia" seria restaurado, os iluminados seriam suas partes.
Basicamente se tornar Gnosis e montar uma nova arca pra chegar em Lost Jerusalem lol. E Kreliam diz bem no final quando ele está com Fei em René-le-Chateu que o planeta que DEUS queria alcançar não existe mais, aquilo era tudo que restava dele, então deus estava morto. Em sequência ele diz que vai seguir pra observar o mundo ao lado de deus (na dimensão da Wave Existence), então o que estaria morto na realidade seria o "deus" da Miang/DEUS, a esperança dela de voltar para Lost Jerusalem. Pena que nunca saberemos quais as regras por trás da "Terra selada".
Inclusive isso é uma forma em muitos jogos de escapar da destruição universal, selar a Terra, mas geralmente vem junto uma estagnação temporal. Rahxephon, Shin Megami Tensei IV, Super Robot Wars Alpha 2 e Z3 são exemplos.
Ao mesmo tempo resgatar a mãe primordial e levar até a Terra Prometida. Sephiroth. Fluxo de vida coletiva, onde você toca e viaja doidão nas memórias. Final Fantasy VII tá no barco e acho que no post tem spoilers do conteúdo novo, etc.
Evangelion usa o mesmo conceito. Pra escapar da destruição inevitável temos o mesmo mecanismo que trouxe a vida humana pra Terra. O velho conceito de ovo cósmico, no caso, Black Moon.
Reunir as consciências na Black Moon e depois renascer, esse é plano e isso que acontece, porém, os personagens tem objetivos diferentes.
O conceito de individualidade em Evangelion é representado pelo A.T. Field, por isso o psicológico afeta bastante a resistência ou poder de ataque dele. Quando se perde a sua individualidade, se perde o A.T. Field, então você vira a famosa sopa laranja, assim mais um conceito de mar representando as consciências.
Dentro da Black Moon se estaria seguro da destruição, mas ao mesmo tempo, com todos unidos, se poderia controlar o renascimento também, esse seria o Projeto de Instrumentabilidade Humana, controlar a evolução. Ou se unir com entes queridos. Ou como os líderes da Seele queriam, não ir pra Black Moon, mas reunir todos no EVA-01, com o comitê consciente e controlando, quem sabe partir pros cosmos atrás de sua Lost Jerusalém, o local de origem.
No Super Robot Wars MX o plot de EVA sugere não só voltar pra Black Moon, mas saltar para uma outra dimensão e então renascer, o que faria sentido com o fim do universo próximo. E então com a party destruindo a Black Moon o chefe final faz o que a Seele queria, todo mundo virou sopa e não tem como renascer, em compensação nasce um Mecha-god com um controlando a mente de muitos.
Code Geass mesma coisa na "Sword of Aksha", Aksha sendo o termo de "Espaço" como um elemento da natureza, mas usado muito em jogos da forma de "Akashic Record", seria uma espécie de registro astral de todas as ações, do presente, passado e futuro. Muitas vezes com a destruição e renascimento do universo, o único registro do que passou está nesse "Akashic Record", uma forma de lembrar de vidas passadas, o Arayashiki, ou mudar o destino. E é nesse local que eles entram o coletivo de consciências.
Por último. Não sei de onde veio o conceito, mas em todos os lugares as praias são praias