Beyond Control - Ep01: The Last of Us e o

Boa noite, amigos.



Poucos sabem, mas atualmente estudo jornalismo, e pretendo seguir a carreira na área de games. No momento estou de trainee em um site de games daqui de Bauru, e acabo de publicar minha primeira reportagem.



Segue abaixo meu trabalho. Quem puder dar uma força comentando lá no site, agradeço.


www.oplayer2.com.br/beyond-control-episodio-1-the-last-of-us-e-o-apocalipse-fungi/





Beyond Control (Além/fora do controle). Como o nome sugere, essa mini-série de reportagens vai falar sobre jogos que oferecem mais do que uma simples diversão interativa; vai aprofundar um pouco mais nos temas dos mais diversos jogos que envolvem a mãe natureza, e principalmente, quando ela resolve ficar fora de controle. Confira abaixo o primeiro episódio!

Todo mundo que joga videogame pelo menos já ouviu falar de The Last of Us, titulo para Playstation 3 que recebeu, até então, o maior número de premiações da história da indústria (acima de 200 prêmios, tendo como principais os de Jogo do Ano de 2013 e Melhor jogo para Playstation 3 em incontáveis sites e revistas).

O título é um survival horror lançado em 2013 pela Naughty Dog (de Crash Bandicoot e Uncharted), onde o jogador precisa racionar suprimentos e encontrar meios de sobreviver em meio aos clickers, pessoas que foram infectadas por um fungo chamado Cordyceps. Os fungos então controlam os infectados, usando-os como meros instrumentos de perpetuação da espécie, atacando outros seres humanos para torná-los clickers também.

O que nem todos sabem, entretanto, é que o Cordyceps, de fato, existe.

Na verdade, o assunto já é bastante explorado. Antes mesmo do jogo ser lançado, um escritor chamado Ian Duncan lançou uma trilogia chamada Cordyceps, com o exato mesmo tema de apocalipse “zumbi” causado pelo fungo. A BBC também possui seu espaço para falar do Cordyceps, incluindo matérias em vídeo, como pode ser conferido a seguir (em inglês):


Mas afinal, o que é esse fungo, que é encontrado em vários pontos do mundo, inclusive no Brasil? Para obter mais detalhes sobre esse curioso ser vivo, conversamos com o Prof. Dr. Elisandro Ricardo Drechsler dos Santos, biólogo especialista em fungos que pesquisa inclusive os Cordyceps (acesse seu site clicando aqui).

De acordo com o Dr. Elisandro, o Cordyceps é um agrupamento de muitas espécies de fungos em sua maioria entomopatogênicos, ou seja, que atacam, utilizam e, em alguns casos, até controlam insetos, aracnídeos e outros fungos para desenvolver parte do seu ciclo de vida, principalmente a parte de reprodução. Em seu estágio final, o fungo germina do hospedeiro uma estrutura que produz esporos, que irão infectar outros indivíduos. Apesar de popularmente serem conhecidos como Cordyceps, este grupo de espécies, hoje, já é considerado de forma desmembrada, ou seja, há muitos outros gêneros, como por exemplo Ophiocordyceps e Metacordyceps, distintos por características particulares, dos hospedeiros infectados ou do próprio fungo.

Ao contrário do que possa parecer, o Cordyceps tem uma importância muito grande na natureza, pois o mesmo funciona como uma das peças reguladoras dentro de um determinado ecossistema – “Se pensarmos somente nos indivíduos, ou seja, na formiga x e no fungo y por exemplo, parece que o fungo na verdade seria o vilão da história. Mas se avaliarmos ao nível de espécies, os fungos na verdade estão apenas fazendo um favor para a natureza, ao fazer um controle populacional natural das formigas.” explica o biólogo.

É difícil não se maravilhar com o incrível trabalho da natureza; existem casos onde uma única espécie de Cordyceps pode utilizar vários hospedeiros diferentes (generalista), assim como há outras espécies que podem estar estreitamente relacionadas a apenas um determinado ser vivo (especifista), tudo dependendo de sua região e/ou história evolutiva dos organismos envolvidos de um ecossistema.

E o ser humano, será que entra na brincadeira como em The Last of Us? Segundo Dr. Elisandro, não. – “Os insetos possuem apenas uma carapaça de quitina, que pode ser facilmente ultrapassada pelo esporo do fungo germinado. Já nós seres humanos somos organismos com um sistema imunológico poderoso. Há esporos de fungos por todas as partes, “respiramos fungo” a cada minuto de nossas vidas, mas nosso sistema imunológico faz com que estes esporos não consigam se instalar no nosso organismo. Claro que há micoses e doenças causadas por fungos em seres humanos, mas isso acontece como resultado de um sistema imunológico comprometido. No entanto, um fungo que passe a controlar/”dirigir” o corpo humano (cérebro e sistemas nervosos, musculares, etc.) é muita viagem!“

E assim morre a possibilidade de um “Apocalipse Fungi”... ou quem sabe, com todo avanço da tecnologia humana, não comecem a surgir uns Clickers por aí? Vamos esperar (ou não) pra saber!

S. commune Brain – J. Clin. Microbiol.-1996-Rihs-1628-32